Semana: CNC defenderá pauta estratégica nas reuniões da OIC em Londres

28 de fevereiro de 2014 | Sem comentários Análise de Mercado Mercado

BALANÇO SEMANAL — 24 a 28/02/2014

– Como membro da delegação brasileira na 112ª Sessão do Conselho da OIC, o CNC recomendará melhorias nas estatísticas do setor e apresentará pauta sobre promoção global, sustentabilidade, transferência de tecnologia e cooperação internacional.

O presidente executivo do Conselho Nacional do café (CNC), Silas Brasileiro, integrará a comitiva nacional que participará da 112ª Sessão do Conselho Internacional do Café da Organização Internacional do Café (OIC), que será realizada de 1º (reuniões prévias no sábado e domingo) a 7 de março, na sede da entidade, em Londres (ING). Na condição de principal representante do setor produtor, o CNC apresentará uma pauta de reivindicações que vem ao encontro das necessidades emergenciais e também das essenciais à cafeicultura brasileira e mundial, conforme descrevemos abaixo.

ESTATÍSTICAS — Entendemos que é fundamental a revisão do sistema de coleta, análise e divulgação de dados estatísticos do setor feita pela OIC, de maneira que se alcance a máxima transparência da economia mundial do café e se mitigue as especulações existentes sobre exportação, consumo e, em especial, safras. Para tanto, sugeriremos a redução dos diferenciais entre as estimativas divulgadas por entidades privadas e oficiais para que as nações produtoras possam planejar os investimentos em crescimento da oferta de acordo com as tendências do consumo. Além disso, solicitaremos maior agilidade na divulgação das informações e a construção de projeções tecnicamente fundamentadas, o que auxiliará na redução das incertezas que, muitas vezes, resultam no aviltamento dos preços recebidos pelos produtores.

PROMOÇÃO GLOBAL DO CAFÉ — Em função dos baixos investimentos, resposta do setor produtivo aos preços não remunerativos praticados em 2013, e do impacto das recentes adversidades climáticas, espera-se uma convergência entre os níveis de produção e consumo mundial de café a partir da temporada 2014/15. No entanto, a tendência nas nações produtoras é de retomada dos investimentos que gerarão novos incrementos da quantidade ofertada. Dessa forma, pensando em longo prazo e visando à redução de futuros excedentes na oferta mundial, o CNC entende como fundamental o desenvolvimento de estratégias de marketing que incrementem e fidelizem o consumo do café em mercados não tradicionais, a exemplo dos países asiáticos e do leste europeu.

Recordamos que a promoção global do café foi uma matéria amplamente debatida e considerada prioritária no seminário “Rumos da Política Cafeeira”, que organizamos, em parceria com a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), em Brasília (DF), nos dias 18 e 19 de dezembro de 2013. Na oportunidade, representantes dos diferentes segmentos da cadeia café anuíram sobre a necessidade de construção de uma estratégia de promoção mundial em conjunto com outras nações produtoras, ressaltando os benefícios da bebida para a saúde e sua interface com esportes e bem-estar.

Também foi consensual o fato de que o Brasil, como maior produtor do mercado, beneficiar-se-ia por campanhas genéricas promovidas pela Organização Internacional do Café para o aumento do consumo. Além disso, o CNC conduzirá essa discussão na OIC, pois, como principal organismo intergovernamental do setor, que congrega governos exportadores e importadores, a entidade é o fórum adequado para o encaminhamento desta demanda.

BRASIL, O PAÍS DO CAFÉ SUSTENTÁVEL — É crescente a valorização do critério “sustentabilidade da produção” nos mercados consumidores de café. Os grandes torrefadores têm se comprometido a aumentar a demanda por cafés certificados e/ou verificados, sendo que, em 2015, aproximadamente 25% das vendas mundiais serão de “cafés sustentáveis”. Por outro lado, notamos que as três dimensões da sustentabilidade – econômica, social e ambiental –, muitas vezes, não têm sido respeitadas nos processos de certificação e verificação.

As regiões produtoras têm suas economias locais dependentes da cafeicultura e, em termos nacionais, é significativo o peso do café no equilíbrio das balanças comerciais. Por isso, o CNC acredita que garantir um preço justo pelo café sustentável – a dimensão econômica – é essencial para que os processos produtivos continuem respeitando o meio ambiente e o ser humano, além de evitar “convulsões sociais” decorrentes do empobrecimento regional.

Em relação às dimensões social e ambiental, o setor produtivo brasileiro considera injusto que os diferentes processos de certificação e verificação coloquem em condições de igualdade as nações produtoras que possuem padrões e exigências tão diferenciadas em relação ao respeito do meio ambiente e às condições de trabalho. Nesse quesito, destacaremos que a cafeicultura nacional é uma das mais exigentes e responsáveis do mundo no que diz respeito às questões sociais e ambientais.

No Brasil, a atividade cafeeira é desenvolvida com base em rígidas legislações trabalhistas e ambientais impostas pelo Governo Federal. São leis que respeitam a biodiversidade e todas as pessoas envolvidas na cafeicultura e punem rigorosamente qualquer tipo de trabalho escravo e/ou infantil nas lavouras. Exporemos, ainda, que essa legislação é a mais rigorosa entre os países produtores de café.

Em um mercado consumidor mundial que valoriza cada vez mais o tema sustentabilidade, os cafés brasileiros precisam ser reconhecidos e premiados por sua realidade produtiva diferenciada. Mas, infelizmente, não é isso que observamos. Temos falhado na divulgação de nosso rígido arcabouço institucional, pois os setores brasileiros de café, madeira, carne e moda são reconhecidos como pouco sustentáveis em países estratégicos como Alemanha, França, Itália e Inglaterra, por exemplo.

Dessa forma, defenderemos a ampliação dos debates sobre os processos de certificação e verificação do café, de maneira que passem a valorizar os produtos das nações com rígidas estruturas institucionais para as relações trabalhistas e proteção do meio ambiente, sempre respeitando as três dimensões da sustentabilidade.

TRASFERÊNCIA DE TECNOLOGIA E COOPERAÇÃO INTERNACIONAL — O setor produtivo brasileiro também fará um alerta para a necessidade de cautela na condução da política de cooperação internacional do País, especialmente no tocante à transferência de tecnologia. O Brasil não deve incentivar e facilitar a transferência dos conhecimentos tecnológicos e científicos desenvolvidos com o empenho de valiosos recursos da nação aos concorrentes, sob a pena de sofrer as consequências do aumento da oferta desses países – baixos preços aos cafeicultores, com graves impactos econômicos e sociais nos municípios produtores.

Em Londres, aproveitaremos a oportunidade para apresentar um documento encaminhado pela Fundação Procafé ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e ao Conselho Deliberativo da Política do Café (CDPC), em 2013, o qual expressa preocupação com as exportações de sementes certificadas de café aos países concorrentes. Ratificaremos, portanto, nossa posição contrária à exportação dos conhecimentos gerados pelas pesquisas brasileiras, principalmente das sementes certificadas das cultivares desenvolvidas pela Fundação Procafé e pelas demais instituições componentes do Consórcio Pesquisa Café.

MERCADO — O mercado climático continuou gerando valorização para os preços do café em 2014, com novas altas significativas nesta semana. Tanto em Nova York, quanto em Londres, foram atingidas as maiores cotações de fechamento, para os contratos com maior volume de negociação, desde o início do ano. O Commodity Weather Group anunciou, ontem, que o Estado de Minas Gerais, maior produtor brasileiro de café, enfrentará novos períodos de estiagem após as chuvas previstas para este final de semana até o dia 3 de março.

Na ICE Futures US, o vencimento maio do contrato C encerrou a quinta-feira a US$ 1,7930 por libra-peso, refletindo valorização de 980 pontos na semana. Na NYSE Liffe, o fechamento de ontem do vencimento maio do contrato 409 foi US$ 2.034 por tonelada, representando alta de US$ 79 ante a sexta-feira passada. Além do mercado climático, a retração das vendas por parte dos cafeicultores vietnamitas, frente à demanda aquecida das torrefadoras pela variedade robusta, tem apoiado essa tendência.

No mercado doméstico brasileiro, os indicadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) para arábica e conilon valorizaram-se, respectivamente, 4,6% e 3,1%, sendo cotados, na quinta-feira, a R$ 406,28/sc e a R$ 257,34/sc. De acordo com o Cepea, mesmo com a alta dos preços, houve redução da liquidez do mercado em função da aproximação do feriado de carnaval no País.

O dólar manteve a tendência de queda nesta semana, encerrando a quinta-feira a R$ 2,3245, menor cotação ante o real desde dezembro de 2013. A desvalorização de 1,2% na semana deveu-se ao PIB brasileiro de 2013 ter superado as expectativas dos investidores, às intervenções do Banco Central do Brasil no mercado de câmbio e às declarações da presidente do Banco Central dos Estados Unidos que indicam possibilidade de reavaliação do cronograma de redução do programa de recompra de títulos.

 

Atenciosamente,

Silas Brasileiro

Presidente Executivo do CNC

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