A empresa líder no comércio de café na Alemanha, Tchibo, é a primeira estrangeira a testar o selo Certifica Minas Café, o único desenvolvido por um governo.
A empresa líder no comércio de café na Alemanha, Tchibo, é a primeira estrangeira a testar o selo Certifica Minas Café, o único desenvolvido por um governo. A companhia não revela a quantidade do grão negociada por questões de concorrência de mercado. O produto brasileiro embarca em outubro rumo às 77 lojas da marca espalhadas pelo país europeu.
“A Tchibo trabalha com todas as certificações de sustentabilidade e a Certifica Minas é a primeira realmente boa certificação local que nós conhecemos. Por isso, nós queríamos prová-la e também mostrar ao governo de Minas Gerais que existe mercado internacional para selos bons e sérios”, afirmou Philip von der Goltz, gerente de conceitos de pesquisa na compra de café da Tchibo, em entrevista à DW Brasil.
Um terço do café consumindo no mundo vem do Brasil, e Minas Gerais é o maior produtor nacional. Para atender a demanda estrangeira por artigos produzidos de forma sustentável, o governo mineiro lançou uma certificação própria. Ainda pouco popular no país, as certificações garantem ao consumidor padrões de qualidade, sustentabilidade, direitos trabalhistas e processo de produção.
A promessa do selo mineiro é garantir ao consumidor que o produto tem qualidade e foi cultivado de forma sustentável. “Ele assegura que o processo de produção respeitou questões sociais, mais especificamente, a legislação trabalhista e também a legislação ambiental”, diz Niwton Castro Moraes, coordenador de café da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais.
Vários modelos
Além do Certifica Minas, existem outros selos que determinam qualidade, origem ou o processo de produção de bens consumo. No Brasil, para o café, há selos de indicação geográfica, como o Região do Cerrado Mineiro, o Norte Pioneiro do Paraná e o Região Serra da Mantiqueira, além dos de qualidade, como os da Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic) ou da Associação Brasileira de Cafés Especiais.
No cenário internacional, os mais conhecidos são o Fairtrade, o Rainforest Alliance ou programas do Código Comum para a Comunidade Cafeeira 4C. Essas certificações estabelecem padrões de sustentabilidade, parecidos com os do selo mineiro.
“As principais diferenças são as abordagens específicas e objetivo principal do selo. O Fairtrade busca comércio justo, remunerando melhor o produtor, o Rainforest verifica padrões de preservação da natureza, os selos da Abic estão focados na qualidade da bebida e da pureza do café”, diz Nathan Herszkowicz, diretor executivo da Abic. Ainda assim, a grande maioria dos brasileiros, ou seja 75%, não conhecem essas certificações.
Café com mais valor
Segundo Moraes, o Certifica Minas abre mercados internacionais para os produtores, além de agregar valor econômico ao produto. Mas diferentemente de alguns selos que estabelecem um preço mínimo de venda, o mineiro deixa essa negociação nas mãos dos cafeicultores.
Em 2012, 1.643 produtores estavam credenciados no programa, desses 52% são propriedades de agricultura familiar. A meta da secretaria para esse ano é aumentar esse número para 1.750. Os produtores que têm interesse de integrar o programa recebem apoio da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), que assessora tecnicamente, presta consultoria sobre questões agronômicas e também orienta a adequação da propriedade para atender as exigências da certificação.
Após a visita da Emater e antes da auditoria final externa, o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) faz uma vistoria para verificar se as propriedades foram adequadas de maneira correta. A inscrição no programa é gratuita.
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