Juntos, eles cresceram 43% em 2005 e atingiram 82% do total
Nilson Brandão Junior
RIO
O saldo comercial de seis setores econômicos – mineral, abate de animais, siderurgia, veículos automotores, açúcar e café – cresceu 43% em 2005 e somou US$ 36,7 bilhões, o equivalente a 82% do superávit comercial do País em 2005. Na maior parte dos casos, a alta de preços compensou crescimentos mais modestos em volumes. A exceção foi o setor automotivo, que repassou 11% aos preços e ampliou em 26,5% a quantidade exportada.
Os dados constam de levantamento do comércio exterior brasileiro por setores, que a Fundação Centro de Estudos e Comércio Exterior (Funcex) divulga hoje. Eles mostram que a maior contribuição para o saldo do País foi do setor extrativo mineral, de US$ 8,119 bilhões, 56,3% a mais do que em 2004. Já o maior resultado negativo continua com os eletrônicos (US$ 5,3 bilhões). Ocorreram reduções nos déficits de químicos e ligados ao petróleo.
Segundo o economista da Funcex, Fernando Ribeiro, os crescimentos mais expressivos de preços foram nas cotações dos segmentos mineral (42%), açúcar (29%), café (45,5%) e siderurgia (18,5%). No setor cafeeiro, os aumentos de preços compensaram a queda de 2,1% no volume exportado. “As cotações subiram muito e elevaram as vendas externas em valores”, diz o economista. Na siderurgia, o aumento de preços foi de 18,5% e de volumes, 8,5%.
Para Ribeiro, o desempenho das montadoras surpreendeu. “Um repasse de 11% aos preços em dólar é muita coisa.” Na prática, o setor tentou repassar aos preços o que perdeu de rentabilidade com o câmbio baixo, além de algum efeito da oferta de produtos de maior valor. A MB Associados concorda que houve repasses de aumentos para equilibrar a valorização cambial, o que “aponta para grande possibilidade de crescimento” das exportações este ano.
Ribeiro reconhece que está havendo uma perda de dinamismo nas exportações, levando em conta uma “franca desaceleração dos volumes exportados”. Em 2004, as quantidades vendidas ao exterior cresceram 19%, porcentual que recuou para 9,3% em 2005. Para 2006, a Funcex projeta crescimento em torno de 7% nos volumes exportados. Anteontem, o assunto voltou à tona com as críticas do ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, de que o câmbio tem prejudicado o desempenho de setores.
O estudo da Funcex mostra que 22 dos 25 setores analisados tiveram perda de rentabilidade no ano passado. Mostra, ainda, que sete setores somaram déficit comercial de US$ 20,8 bilhões em 2005, 3,2% abaixo de 2004.