Rio de Janeiro/RJ – A soja e o café foram os principais responsáveis pela deflação (-0,12%) registrada no Índice de Preços do Atacado-10 (IPA-10) de março, segundo destacou o coordenador de análises econômicas da FGV, Salomão Quadros. O café passou de uma alta de 15,08% em fevereiro para queda de -9,14% em março. Segundo Quadros, a alta do mês passado foi provocada por forte movimento especulativo e a queda registrada em março foi uma reação a esse movimento.
“O café não preocupa como pressão futura”, concluiu. A soja (-5,33% em março, ante -2,48%) apresenta ótimas perspectivas, já que a deflação reflete um início de uma safra que ainda vai ficar no pico cerca de dois meses. O milho também ajudou a formar a deflação de preços no atacado, com variação de -3,52% em março, ante alta de 4,62% em fevereiro. Quadros explica que essa commodity reflete o início da safra, mas também a gripe aviária que já começa a afetar a demanda interna e externa pelo frango.
O milho é um dos principais insumos utilizados na avicultura. Como exemplo de produto agrícola que contribuiu para a queda do IPA figura ainda o arroz (-11,56% em março, ante -4,51% em fevereiro), favorecido pelo câmbio e a safra. “Como tendência, essas matérias-primas agrícolas podem ajudar a puxar para baixo a inflação nos próximos um a dois meses, com influência da safra e câmbio”, disse. Por outro lado, o IPA sofreu pressão de alta de alimentos in natura (2,31%) e processados (0,78%) e, ainda, dos combustíveis. A desaceleração que vinha sendo registrada nas últimas semanas pela FGV nos reajustes nos preços do álcool ficaram no passado no atacado e o álcool etílico hidratado ampliou a alta para 7,72% em março, ante 6,57% em fevereiro. Quadros avalia que esse aumento é pontual e deverão ocorrer novos recuos com a safra da cana-de-açúcar, entre abril e maio. “É uma pressão datada”, afirma.