Com o baixo preço do milho no mercado, que atualmente não cobre sequer os custos, os produtores de Mato Grosso cogitam fazer mais uma safra de soja. No entanto, a opção pela chamada “safrinha” da oleaginosa pode ser perigosa, em função do risco de aumentar a incidência de doenças e pragas – principalmente a Helicoverpa armigera – devido à “ponte verde” que se forma quando há continuidade da mesma cultura.
“Vamos ter um período maior de soja, o que poderá multiplicar a população de Helicoverpa. Isso é um risco”, alerta José Tadashi Yorinori, fitopatologista e pesquisador com mais de 40 anos de experiência e integrante do Circuito Tecnológico Aprosoja. “A safrinha vai receber todo rescaldo da produção de verão, tanto da ferrugem e agora também da Helicoverpa, que pode formar uma ponte verde que geraria muito prejuízo”, afirma.
Segundo Tadashi, o vazio sanitário atenua o problema, mas a soja guaxa gerada após a colheita pode sobreviver em função do regime de chuvas. O especialista aconselha que o produtor prepare o solo com muito cuidado para a safra seguinte, mesmo que não plante o milho por conta da expectativa de preço baixo, mas que faça então uma cobertura.
“O agricultor brasileiro hoje que tem o beneficio de plantar soja e ganhar dinheiro com soja, diferente dos Estados Unidos que valoriza muito mais o milho, tem que fazer o melhor possível para ter a melhor safra de soja. Isso porque milho está arriscado tanto por seca, preço, armazém, transporte, e o Estados Unidos produz muito bem”, conclui.
O diretor técnico da Aprosoja, Nery Ribas, corrobora essa opinião: “O produtor precisa levar muita coisa em conta: o custo/benefício, a viabilidade econômica e técnica”. Caso o produtor opte por fazer a segunda safra de soja, ele também corre o risco de ter um alto custo devido aos diversos tratamentos fitossanitários que terá que fazer, tanto contra doenças como para pragas. “Sem essas aplicações a colheita é inviabilizada, ou seja, se plantar tem que cuidar da melhor forma para que gere a receita”, explica Nery.