SEGUNDA PREVISÃO DA SAFRA DE CAFÉ 2006/2007 – TEXTO COMPLETO DA CONAB

1 – INTRODUÇÃO

No período de 01 a 24 de março de 2006, os técnicos da CONAB e de instituições com as quais mantém parceria visitaram municípios produtores de café de Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Paraná, Rondônia, Bahia e Rio de Janeiro, onde realizaram entrevistas e aplicaram questionários junto a propriedades e a informantes previamente selecionados, com o objetivo de realizar a segunda previsão da produção da safra de café 2006/2007.


2 – METODOLOGIA

Minas Gerais

Os técnicos da CONAB visitaram 102 municípios em 7 roteiros. O levantamento das informações está calcado em estudo estatístico e científico, com obtenção de informações junto aos órgãos de assistência técnica, cooperativas e entidades ligadas ao setor, bem como propriedades cafeeiras.

Com os dados dos 102 municípios que constituem a amostra, foram obtidas as estimativas das produtividades, médias das produções totais e dos erros de amostragem para as regiões produtoras de Minas Gerais. Para as estimativas das produções dessas regiões foi considerada a representatividade de cada município em função de sua área, com a lavoura em produção, dentro da área total, na região. A expansão estimada para o Estado de Minas Gerais, foi feita considerando-se a proporção de área da amostra em cada região. As áreas de café em produção, consideradas neste trabalho para as regiões produtoras foram obtidas junto ao IBGE, relativas ao fechamento da safra 2001/2002.

A metodologia estatística envolvida no trabalho de amostragem, utilizada na expansão dos dados coletados nos levantamentos de campo, foi estruturada e planejada para estimar a “Produção Global de café no Estado”. Assim, com uma confiança de 95%, pode-se assegurar que a produção total de Minas Gerais será de 20.099.238 sacas com um erro de 618.739 sacas ou 3,08% do total.

As previsões obtidas para as regiões produtoras de café de Minas Gerais servem como indicação de tendência, podendo ser utilizadas em análises conjunturais de mercado e possíveis comparações entre áreas plantadas, produtividade média estimada e produção esperada. Vale destacar, no entanto que as previsões com base nas estimativas por região apresentam uma margem de erro maior, o que é natural devido ao menor tamanho da amostra nas regiões do que no estado.

São Paulo, Paraná, Espírito Santo, Bahia e Rondônia.

Nesses Estados, as informações foram levantadas através da aplicação de questionário padrão em propriedades previamente selecionadas, com a utilização do método de amostragem estatística (estratos de áreas). Os dados foram processados e expandidos de acordo com o plano de amostragem, aplicando-se multiplicadores sobre o total de cada estrato, para atingir os resultados globais.

Em São Paulo foram aplicados 610 questionários com o trabalho de 40 técnicos; no Espírito Santo, 500 questionários com 40 técnicos; no Paraná, 548 questionários com 24 técnicos; em Rondônia, 641 questionários com 52 técnicos, e na Bahia, 324 questionários com 24 técnicos.

No trabalho de campo, para a aplicação dos questionários e obtenção dos dados, as propriedades selecionadas foram visitadas por técnicos ligados às Secretarias de Agricultura de São Paulo (CATI), do Paraná – Departamento de Economia Rural (DERAL) e da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento, do Espírito Santo (INCAPER), da Bahia (EBDA) e de Rondônia (EMATER), com o acompanhamento, dos técnicos da CONAB, em todos os Estados.

Rio de Janeiro.

Nesse Estado os técnicos da CONAB visitaram os principais municípios produtores, buscando informações junto aos órgãos de assistência técnica, cooperativas e outras fontes locais. Essas informações foram agrupadas em um questionário padrão, por município e posteriormente consolidadas para a obtenção de resultado para o Estado. Foram aplicados 24 questionários em trabalho de campo realizado por três técnicos.

Demais Estados (CE, MT, MS, GO, PE, AC e DF)

Nesses Estados os dados foram obtidos junto aos órgãos de assistência técnica, cooperativas e outras fontes estaduais.

3 – CLIMA, ÁREA E PRODUÇÃO

3.1. CLIMA

Em Minas Gerais o ano-safra foi marcado por forte instabilidade climática, que certamente influenciará na produção cafeeira do Estado. No Período setembronovembro, quando ocorreram as primeiras floradas nos cafezais, observaram-se pancadas isoladas de chuva na região sul do Estado, muitas delas acompanhadas de granizo e ventos frios, que provocaram a queda de folhas, flores e mumificação de chumbinhos, criando condições propícias para o surgimento de doenças.

Durante o mês de dezembro, a ocorrência de chuvas contínuas em praticamente todo o Estado em algumas regiões, chegou a impedir as operações de adubação e pulverização das lavouras.

Em janeiro, houve veranico de duração e intensidade variadas em todas as regiões produtoras, prejudicando a produção. A distribuição irregular de chuvas, aliada às altas temperaturas ambientes, reduziu a disponibilidade de água no solo, interferindo negativamente no desenvolvimento das lavouras.

As precipitações e temperaturas regularizaram-se em fevereiro, beneficiando o processo de enchimento de grãos.

No Espírito Santo a previsão de uma safra otimista feita em dezembro, respaldava-se na excelente florada, nos bons tratos culturais empregados e no uso de elevada tecnologia, impulsionados pelo bons preços. Entretanto, as altas temperaturas e a estiagem superior a 40 dias, ocorridas em janeiro e fevereiro, atingiram os cafezais durante o enchimento de grãos, fase crítica para a cultura quanto à demanda por água.

Para a atual safra do Paraná, as chuvas registradas no segundo semestre de 2005, em especial após o período da colheita, contribuíram para a ocorrência de floradas normais e muito satisfatórias em boa parte das lavouras, principalmente nas regiões de maior potencial de produção (centro-norte e norte). Em janeiro, a incidência de chuvas deu-se de forma irregular, com precipitações abaixo do normal, exceto nas regiões de maior potencial produtivo, nas quais o regime de chuvas foi praticamente normal. Em março, as chuvas foram normais.

Em São Paulo os cafezais foram beneficiados pelo bom regime de chuvas, desde as primeiras floradas até o momento atual.

Na Bahia, na região do cerrado, os baixos índices pluviométricos e altas temperaturas não afetaram os cafezais, cujo cultivo é totalmente irrigado. Já na região do planalto, o período de estiagem com altas temperaturas no mês de janeiro e fevereiro prejudicou as lavouras, que se encontravam em época da granação, e anulou os efeitos das floradas mais tardias, causando quebra de 9,0% na produção. Na região atlântica, o período de estiagem ocorrido na fase de granação afetou parte da produção. Por outro lado, a produtividade das grandes propriedades e das áreas irrigadas apresentaram incremento bastante significativo (11,9%) em relação ao levantamento anterior, compensando essa perda.

De agosto a outubro, as chuvas em Rondônia forma esparsas e mal distribuídas. De novembro até janeiro, foram normais e bem distribuídas e, a partir daí até o final de março, estiveram acima da média histórica.

3.2. ÁREA

A área cultivada com café no Brasil é de 2,30 milhões de hectares, dos quais 2,14 milhões de hectares estão em produção e 165,81 mil hectares em formação. O maior produtor é Minas Gerais, com 1,12 milhão de hectares (1,01 milhão em produção e 117,48 mil em formação) e participa com 48,8% da área total nacional. Das regiões mineiras, Sul e Centro-Oeste cultivam 567,44 mil hectares (502,36 mil em produção e 65,08 mil em formação); Zona da Mata, Jequitinhonha, Mucuri, Rio Doce, Central e Norte cultivam 380,91 mil hectares (349,83 mil em produção e 31,08 mil em formação); e Triângulo, Alto Paranaíba e Noroeste cultivam 175,46 mil hectares (154,14 mil em produção e 21,32 mil em formação).

Em segundo lugar vem o Espírito Santo com 495,62 mil hectares (participando com 21,5% da área total nacional), dos quais 473,47 mil hectares estão em produção e 22,16 mil hectares em formação.

São Paulo aparece em terceiro lugar com 9,4% (216,08 mil hectares), dos quais 204,12 mil em produção e 11,96 mil em formação.

O Estado de Rondônia assume a quarta colocação, ficando com 169,39 mil hectares (7,4% da área total nacional), dos quais 166,66 mil hectares estão em produção e 2,73 mil hectares em formação.

O quinto lugar cabe ao Paraná, que cultiva 106,83 mil hectares, representando 4,6% da área total nacional, sendo 102,39 mil hectares em produção e 4,44 mil em formação.

O restante cultivado distribui-se entre Bahia (4,4% ou 100,54 mil hectares), Mato Grosso (1,4% ou 32,42 mil hectares), Pará (0,8% ou 17,98 mil hectares), Rio de Janeiro (0,6% ou 14,23 mil hectares) e demais (1,2% ou 27,58 mil hectares).

3.3. PRODUÇÃO

A produção brasileira de café é de 40,62 milhões sacas, das quais 31,02 milhões são de café arábica (76,4%) e 9,60 milhões, de robusta (23,6%). Quando comparada com o limite superior do levantamento anterior (publicado em dezembro de 2005), que foi de 43,58 milhões de toneladas, verificou-se uma redução de 6,8%, causada pela estiagem que assolou as plantações nos períodos de floração e enchimento de grãos. Em relação à safra anterior (32,94 milhões de sacas), houve um incremento de 23,3%, devido, principalmente, à bianualidade. A produtividade média nacional no presente levantamento é de 18,99 sacas por hectare (27,8% superior à safra anterior).

Minas Gerais, maior produtor nacional, participa com 49,5% da produção do País, ou seja, 20,10 milhões de sacas, das quais 99,9% são de café arábica. Comparando essa produção ao limite superior do primeiro levantamento, constata-se uma queda de 9,2%, causada basicamente pelas condições climáticas. Em relação à produção da safra anterior, que foi de 15,22 milhões de sacas, observa-se um incremento de 32,1%.

Da produção total do Estado, as regiões mineiras Sul e Centro-Oeste participam com 10,61 milhões de sacas (52,8%); a Zona da Mata, Jequitinhonha, Mucuri, Rio Doce, Central e Norte participam com 5,81 milhões de sacas (28,9%) e a do Triângulo, Alto Paranaíba e Noroeste com 3,67 milhões de sacas (18,3%). Prevê-se que a colheita se estenderá de abril a outubro, com concentração em julho e agosto.

O Espírito Santo vem em segundo lugar, participando com 8,67 milhões de sacas da produção nacional (21,3%). Dessa produção, 2,17 milhões são de café arábica (quarto lugar entre os Estados produtores) e 6,50 milhões de robusta (primeiro lugar entre os Estados produtores). Comparado ao limite superior da produção do Estado no levantamento anterior (9,24 milhões de sacas), ocorreu uma redução de 6,2%, causada basicamente pelas condições climáticas. Em relação à safra anterior, que foi de 8,07 milhões de sacas, verifica-se um aumento de 7,4%, creditado principalmente ao aumento da produção das lavouras de café robusta, boa florada e bom estado vegetativo das lavouras, à melhoria dos tratos culturais (adubação, poda, desbrota e controle fitossanitário), maior emprego de tecnologias e impulsionado pela melhoria dos preços.

Dos 31,01 milhões de sacas de café arábica produzidas no País, o Espírito Santo participa com 7,0%, (2,17 milhões de sacas), inferior em 9,2% ao projetado para o limite superior do levantamento anterior. Comparada aos 2,06 milhões de sacas produzidos na safra anterior, constata-se uma expansão de 5,4%, justificado pelo fenômeno da bianualidade e demais condições citadas no parágrafo anterior.

A produção de café robusta é de 6,50 milhões de sacas (67,7%) da produção nacional (9,60 milhões de sacas). Comparada ao ano anterior (6,01 milhões de sacas), verifica-se uma expansão de 8,1% e, ao limite superior do levantamento anterior (6,85 milhões de sacas), uma queda de 5,1%, devida às más condições climáticas.

A produtividade média esperada é de 18,31 sacas por hectare, superior em 12,1% (1,97 sacas por hectare) à da safra passada. O período previsto para a colheita deverá estender-se de abril a outubro, com concentração em maio e junho.

O terceiro lugar cabe a São Paulo, que só produz café arábica, num montante de 4,41 milhões de sacas (10,8% da produção nacional). Destaca-se como o segundo maior produtor de café arábica do Brasil. Houve uma redução de 2,2% na produção, quando comparada com os 4,51 milhões de sacas projetadas para o limite superior do levantamento anterior (dezembro de 2005) e um acréscimo de 36,7% sobre a safra 2005/06, devido às condições favoráveis de clima e à bianualidade.

A produtividade média esperada é de 21,59 sacas por hectare, superior em 48,1% ou 7,01 sacas por hectare à da safra anterior.

O período previsto para a colheita deverá ser de abril a setembro, com concentração em junho e julho.

O Paraná, quarto produtor, deverá produzir 2,23 milhões de sacas (5,5% da produção nacional). É o terceiro produtor de café arábica do País, com 7,2% da produção nacional.

Comparada à safra anterior (1,44 milhões de sacas), a produção do Estado expandiu em 55,4% ou seja, em 795 mil sacas, devido às condições climáticas favoráveis e à bianualidade.

A produtividade média situa-se em 21,78 sacas por hectare, 61,5% superior à da safra passada.

A colheita está prevista para maio a outubro, concentrada em julho e agosto.

Os Estados da Bahia, Rondônia, Mato Grosso, Pará, Rio de Janeiro e demais, participam com 2,19 milhões de sacas (5,4%), 1,83 milhão de sacas (4,5%), 278 mil sacas (0,7%), 289 mil sacas (0,7%), 264 mil sacas (0,6%) e 368 mil sacas (0,9%), respectivamente, da produção nacional.


RESULTADO DETALHADO

Os resultados obtidos no levantamento são apresentados, em detalhes, nos quadros e gráficos a seguir:


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