Seca provoca quebra de até 15% em safras na região de Ribeirão Preto

27 de outubro de 2014 | Sem comentários Análise de Mercado Mercado

Folha de S. Paulo
25/10/14


Com metade da chuva prevista para o período, as lavouras de Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo) tiveram prejuízo de até 15% na safra deste ano. Além disso, os efeitos da seca devem provocar ainda queda e alterações na produção do próximo ano.


O consumidor também sofreu com o aumento no preço dos alimentos. Na inflação oficial do IPCA (Índice de Preço ao Consumidor Amplo), os alimentos representaram alta de 0,78% em setembro.


Segundo os produtores, a falta de chuva deixa uma “herança negativa” para a próxima safra. Nos primeiros nove meses deste ano, a região registrou 480 milímetros de chuva. A média histórica do período é de 930 milímetros, segundo a Defesa Civil.


Principal cultura da região, a cana-de-açúcar teve uma safra 15% menor que o previsto inicialmente, segundo a Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar).


Devido à estiagem e aos incêndios em canaviais, a instituição calcula que a produtividade caia de 83 toneladas por hectare para 71 toneladas.


Para Plínio Nastari, presidente da consultoria Datagro, a estiagem trará prejuízos para a próxima safra porque a falta de umidade impede o desenvolvimento da planta.


De acordo com ele, a próxima safra pode ser até 5,5% menor que a deste ano.


O setor também atravessa uma crise financeira. Segundo Nastari, sem recursos, os produtores reduziram de 28% a 34% a aplicação de insumos agrícolas nas lavouras.


Para o café, a falta de chuva durante a floração diminuiu o tamanho dos grãos, e a produção ficou 13,5% menor do que o esperado pelos associados da Cocapec (Cooperativa de Cafeicultores e Agropecuaristas).


A cooperativa calculava produzir 1,5 milhão de sacas de café. No entanto, a produção ficou em 1,3 milhão de sacas. A próxima floração já começou, mas, sem chuvas, as flores podem não virar frutos.


Os produtores de laranja da região também calculam perda de até 10% na safra. Sem água, as frutas ficaram menores e com menos suco.


Se normalmente são necessárias 230 laranjas para encher uma caixa de 40,8 quilos, neste ano foram necessárias cerca de 300, por causa do baixo peso.


“Apesar do preço ter aumentado, mais um ano tivemos prejuízo com a laranja. Se pagaram R$ 10 por caixa, nosso custo para plantar e colher foi de R$ 15”, disse Flávio Viegas, presidente da Associtrus (Associação Brasileira de Citricultores).


Outras frutas produzidas na região, como o limão e a goiaba, também cresceram pouco neste ano por falta de água. Com a pouca oferta das frutas, o preço pago aos produtores subiu até 230%.


Os produtores de batata de Casa Branca (a 240 km de São Paulo) não tiveram quebra da safra, mas amargaram a concorrência de produtores de Minas Gerais e de Goiás, o que reduziu o preço em função da elevada oferta.


Já a cebola ficou menor, devido à falta de água. Com isso, a oferta no mercado foi menor e os produtores de Casa Branca receberam até quatro vezes mais.


A preocupação dos produtores da cidade agora é com o milho, que começou a ser plantado em setembro.


Sem chuva por dois meses, a planta pode não se desenvolver para a próxima safra, causando prejuízos.

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