O clima seco já preocupa os cafeicultores das principais regiões produtoras do Brasil onde a quebra de safra deve ultrapassar 10%. Para muitos a situação já está forçando o aumento dos estoques de passagem mesmo com os preços do grão registrando aceleração nas últimas semanas.
“O produtor está procurando segurar o café mesmo com a melhora dos preços porque não sabe o quanto vai colher no ano que vem”, afirma o gerente comercial da Cooperativa Agroindustrial (Cocamar), Ademir Volpato. A cooperativa está localizada no Paraná, um dos estados mais afetados pela seca e que, segundo a previsão da Climatempo, só deverá ter chuva no próximo dia 14, o que comprometerá ainda mais a produção.
Segundo informações divulgadas pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) o prejuízo só não foi maior no Paraná porque a umidade do solo, resultado do alto índice de chuvas durante o mês de julho, permitiu a abertura de floradas em cerca de 40% do parque cafeeiro do estado.
Ainda de acordo com o Cepea a situação mais crítica é a do Sul de Minas Gerais, responsável pela metade da produção de arábica do Brasil. “Nós estamos entrando no alerta vermelho”, afirma o gerente de Desenvolvimento Técnico da Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé), Joaquim Goulart. Segundo ele, o armazenamento hídrico da região que engloba a cooperativa é de 21 mm, enquanto o ideal seria 100 mm. O déficit hídrico acumulado já ultrapassa 109 mm.
Em outras regiões de Minas Gerais a situação é ainda mais grave. “O déficit no Cerrado é de 300 mm e trata-se de uma região que, se não tiver irrigação, está totalmente comprometida. Há ainda outras cidades em que o estado das lavouras está lastimável”, avalia Goulart.
Na safra passada a Cooxupé recebeu mais de 4 milhões de sacas de café, número que não deverá ser superado na safra 2008/09, que começará a ser colhida a partir de maio do próximo ano. As condições climáticas deverão reduzir até mesmo a bianualidade positiva da cultura, afastando a possibilidade de a produção atingir o recorde de 50 milhões de sacas.
A seca também dificulta o controle de pragas, como o chumbinho-amarelo, anunciando perdas ainda maiores para a próxima safra. “O ataque das pragas está muito forte e o controle não é dos melhores com essa seca; alguns produtores estão tentando sanar o problema, mas não estão tendo muito sucesso”, diz Volpato.
O clima seco já preocupa os cafeicultores das principais regiões produtoras do Brasil onde a quebra de safra deve ultrapassar 10%. A situação já está forçando o aumento dos estoques de passagem.