BOL – 12/01/2015
Megan Durisin
A previsão é que as regiões produtoras recebam cerca de metade da chuva normal neste mês e em fevereiro, segundo Celso Oliveira, meteorologista da Somar Meteorologia, de São Paulo. O Brasil é o maior produtor e exportador do mundo, o que está levando os fundos hedge a aumentarem suas apostas nos preços mais elevados pela primeira vez em seis semanas.
Depois de mais que dobrar e atingir, em outubro, o pico do ano passado em meio à pior seca em décadas, o café terminou 2014 em um mercado baixista após as chuvas fortes de novembro. O retorno do clima seco provocou novos riscos de dano para o florescimento dos pés de café, fazendo os preços subirem 12 por cento na semana passada, maior ganho em quase 11 meses.
“O café é muito dependente do clima”, disse John Stephenson, CEO da Stephenson Co. Capital Management, que tem sede em Toronto e supervisiona 50 milhões de dólares canadenses, em entrevista no dia 9 de janeiro. “Temos visto uma queda massiva dos estoques no Brasil. Quando isso ocorre juntamente com a seca, o abastecimento fica apertado ou até restrito”.
O café arábica para entrega em março subiu 19 centavos na semana passada, para US$ 1,8005 a libra-peso, na ICE Futures U.S., em Nova York. Os preços subiram 10 por cento neste mês, maior porcentual entre os 22 componentes do Bloomberg Commodity Index, que caiu 1 por cento. O MSCI All-Country World Index de ações caiu 1,2 por cento e o Bloomberg Dollar Spot Index subiu 1,2 por cento.
Apostas no café
A posição longa líquida no café subiu 6,6 por cento, para 27.071 contratos futuros e de opções na semana que terminou no dia 6 de janeiro, maior ganho desde meados de outubro, segundo dados da Comissão de Negociação de Futuros de Commodities dos Estados Unidos publicados no dia 9 de janeiro. As apostas longas subiram 2.492 contratos, compensando um incremento na posse curta de 806 contratos.
As regiões do Norte do Brasil continuarão “quase completamente secas” nas próximas duas semanas, enquanto uma chuva leve é esperada no sul de Minas Gerais e na maior parte de São Paulo, disse Donald Keeney, meteorologista da MDA Weather Services, em Bethesda, Maryland, EUA, em entrevista no dia 8 de janeiro. Até 40 por cento da colheita está em risco, porque as plantas precisam de água para desenvolver as cerejas que guardam o grão do café, disse ele.
Os preços poderão subir para até US$ 2,30 até o fim de dezembro, segundo Ross Colbert, estrategista internacional de bebidas do Rabobank International em Nova York. A continuidade da seca pode agravar os danos à colheita do ano passado, disse ele.
Colheita do Brasil
As preocupações com o clima podem não durar. Os contratos futuros do café arábica caíram 11 por cento em dezembro devido aos sinais de que a seca de 2014 no Brasil havia diminuído.
A safra que os produtores do Brasil colherão de maio a outubro alcançará 50 milhões de sacas, disse a Ecom Agroindustrial Corp. no mês passado. O montante contrasta com uma perspectiva de julho do Conselho Nacional do Café de menos de 40 milhões de sacas. Cada saca pesa 60 quilos. Os preços estão em uma baixa de 19 por cento em relação à maior alta em 32 meses, de US$ 2,255, alcançada em outubro.
“Tentar apostar no clima é sempre algo muito volúvel e difícil de fazer”, disse Sameer Samana, estrategista global do Wells Fargo Investment Institute em St. Louis, EUA, que gerencia US$ 1,6 trilhão, em entrevista por telefone no dia 8 de janeiro. “O cenário geral no setor do café está mais para um movimento de curto prazo. É difícil extrapolar muito esse pequeno movimento recente”.