Se recessão vier, agrícolas podem cair mais

Por: Folha de Sâo Paulo

VAIVÉM
MAURO ZAFALON – mauro.zafalon@uol.com.br

As commodities agrícolas seguiram o pânico do mercado financeiro e recuaram ontem. O setor de grãos, como trigo e soja, teve queda com intensidade menor, o que não ocorreu com as chamadas commodities “soft” (suco de laranja), que perderam valor com força maior.


Já as commodities de energia, como o petróleo, tiveram recuo ainda maior, devido à preocupação com os rumos da economia mundial.


A queda das commodities agrícolas não foi tão intensa, e essa tendência pode ser revertida em pouco tempo.


A demanda, mais forte do que a oferta, vem de países emergentes como China, Índia e Brasil. Esses países mantêm ritmo maior de evolução da economia do que o dos EUA e da Europa.


Outro incentivo à manutenção dos preços dos produtos agrícolas, que estão acima da média histórica, são os problemas climáticos, principalmente nos EUA.


A manutenção dos preços dos produtos agrícolas, no entanto, não está garantida.


Uma recessão forte nos Estados Unidos e na Europa complicaria o fornecimento de bens dos chineses para esses mercados, diminuindo o ritmo da produção na China.


A atividade industrial menor na China leva a uma queda na renda interna e a uma perda no apetite por importações de alimentos, afetando preços mundiais e o Brasil, bastante dependente das vendas externas de matérias-primas.


O problema não vem só da China. A recuperação da economia norte-americana, desta vez, não vai ser tão rápida como foi na crise de 2008.


O governo de Barack Obama não terá a enxurrada de dólares para irrigar o mercado, como fez há dois anos.


Além disso, a economia norte-americana, um dos motores da evolução mundial, voltou aos patamares anteriores a 2008, com vários agravantes: a renda da população e a oferta de emprego estão em patamares bem inferiores atualmente.


Queda de braço Mais afetados pela crise, os países europeus estão endurecendo as negociações com os produtores brasileiros de frango para baixar os preços de exportação, segundo Ricardo Santin, diretor da Ubabef.


Carga congelada 1 O porto de Itaqui, no Maranhão, registrará amanhã o primeiro embarque de um contêiner frigorificado. A operação, em fase de teste, será feita pela JBS, que enviará 25 toneladas de carne bovina congelada para Hong Kong.


Carne congelada 2 A JBS pretende, até o final do ano, embarcar a partir de Itaqui dez contêineres de carne congelada por mês, produzida na região Norte do país. O objetivo é reduzir custos.


Receitas Após o recuo no mês passado, as receitas com carnes (frango, suína e bovina) voltaram a subir na primeira semana deste mês. Em média, as receitas somaram US$ 60 milhões por dia útil, 6% mais do que em julho.


Milho As exportações de julho ficaram abaixo das expectativas do mercado, mas o volume de agosto pode ser maior, segundo estimativas da consultoria Céleres.


Preços Um aumento no volume exportado deve manter os preços firmes, principalmente porque o produto nacional será disputado também pela demanda externa, segundo os analistas da Céleres.


Importadores Irã e Espanha continuam liderando as compras de milho brasileiro. O Irã importou 490 toneladas no ano, por US$ 121 milhões. A Espanha importou 402 mil toneladas, segundo a consultoria Clarivi.


Pressão Os preços das commodities pressionaram menos a inflação em julho. Dados da FGV indicam que minério de ferro, café, algodão e suco de laranja impediram a alta.


Sobe Arroz, adubo e açúcar cristal, no entanto, empurraram a taxa para cima.


Com TATIANA FREITAS 

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