Quem já morou nos Estados Unidos já deve ter ouvido falar de Juan Valdez, personagem de comerciais do café colombiano. O café dos chicanos pode até fazer marketing melhor, mas o brasileiro é muito mais consumido pelos americanos, embora eles não saibam, já que a embalagem não diz.
Pelo menos foi o que afirmou a provadora norte-americana Susie Sprindler, que acompanhou o 6° prêmio Cafuso/UCC ,uma parceria da empresa Real Café,do grupo Tristão e a Japonesa Ueschima Cofee Company maior torrefadora daquele pais,que premiam os Cafés das Montanhas do Espírito Santo . O prêmio foi entregue no último dia 2, para 50 microprodutores de café especial em festão na Pousada Pedra Azul, Domingos Martins.
Agora, o desafio do Brasil é agregar valor ao produto, o que já está acontecendo. Quando começou, o prêmio Cafuso/UCC teve cerca de 100 inscritos. Neste ano, foram aproximadamente 700. Isso porque a premiação incentivou os cafeicultores a se dedicarem ao café especial, que se diferencia do comum pela forma como é colhido
Bom para os exportadores, ótimo para os microprodutores, que também podem vender a saca mais cara. O presidente do conselho da Tristão, Jônice Tristão, que conviveu de perto com os microprodutores na década de 50 em Afonso Cláudio, ficou emocionado de ver o resultado de um trabalho organizado. O produto que, outro dia, era considerado de baixa qualidade, hoje concorre com o da América Central, Quênia e Colômbia.
O secretário de Estado da Agricultura, Ricardo Ferraço, também elogiou o empenho dos premiados, que conseguiram se superar apesar do difícil ano de 2006, que teve alto índice de umidade.
A festa foi da gente da terra, de mãos calejadas e pele vermelha de sol. Muitos dos concorrentes são descendentes de italianos, como se vê pelos sobrenomes. Era um festival de Tomazini, Tonoli, Falchetto, Perim, Sartori, Zambom, Tozzi, Caliman, Dalvi, Altoé, Fassarela… E os principais municípios representados foram Itarana, Castelo, Venda Nova do Imigrante e Vargem Alta.
Hoje, é impossível falar sobre café de qualidade sem citar o Espírito Santo, que atende até mesmo a exigência de empresas japonesas. O crescimento do Estado atraiu os cabeças do concurso Cup of Excellence da Associação Brasileira de Cafés Especiais, Sílvio Leite e Susie Spindler, que pretendem realizar aqui a próxima edição do evento. Segundo ela, os torrefadores de todo o mundo ficam loucos para comprar os cafés especiais brasileiros, por isso, não faltam candidatos ao júri, que é o maior do mundo.
O proprietário da badalada cafeteria Santo Grão, em São Paulo, Marco Kerkmeester, que também foi jurado do Cafuso/Ueshima, disse que provou verdadeiros diamantes na degustação. Foi a deixa para o espirituoso Evair Vieira de Melo, da Pronova, sugerir que o restaurante da Oscar Freire passe a oferecer um blend capixaba com o nome Espírito Santo Grão.
A Gazeta, 10 de dezembro de 2006, Caderno dois, Zig – Zag, pág. 02