São Tomé – A população da ex-empresa agrícola Monte Café considera que existe um “sério risco” para a saúde devido ao perigo de produtos químicos que se estão a espalhar pelo local, denúncia que as autoridades já estão a investigar.
De acordo com os moradores, cerca de meia tonelada de produtos químicos altamente tóxicos que se encontram num armazém que foi vandalizado estão agora expostos ao sol e à chuva, exalando cheiro e espalhando-se com a chuva, tendo já provocado morte de vários animais.
Luís do Nascimento, morador em Monte Café, afirma que dois jovens “invadiram o antigo armazém” da empresa e tiraram todo o zinco que servia de cobertura ao edifício, deixando os produtos sem qualquer protecção.
“Com as chuvas intensas que se têm verificado nos últimos dias, a evaporação dos produtos químicos que cá se encontram põem em perigo iminente a vida das pessoas”, disse Luís de Nascimento.
“Neste momento nós não sabemos que tipo de ar estamos a respirar. Neste armazém guardavam-se vários produtos bastante tóxicos e muito perigosos”, precisa o morador.
Por seu lado, Daniel Solé, outro residente na comunidade agrícola Monte Café, situada a pouca mais de 16 quilómetros do centro da cidade de São Tomé diz, nunca ter visto “este tipo de vandalismo” na empresa.
A denúncia feita pelos moradores está a preocupar as autoridades. Uma fonte do ministério da agricultura contactada pela Lusa diz que a Polícia Judiciária “vai ser enviada para o terreno para investigar” o caso.
Por outro lado, uma fonte da Direcção-geral do Ambiente confirma à Lusa que “vai enviar hoje mesmo ao local uma equipa para avaliar até que medida a deterioração e escoamento desses produtos com a água das chuvas pode pôr em causa o ambiente” em Monte Café.
Monte Café tem um importante projecto na área do turismo, com a criação de um museu do café. A obra foi financiada pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e está concluída, mas ainda não foi inaugurada.
Esta empresa foi a principal produtora de café em São Tomé. É hoje uma das 14 unidades agrícolas privatizadas pelo estado são-tomense, sob orientação do Banco Mundial.
O Banco Mundial concedeu a São Tomé e Príncipe um empréstimo de 14 milhões de dólares (10,4 milhões de euros) para reabilitar as infra-estruturas e produção (renovação de plantas).
Em 1993, o Governo confiou a gestão da empresa ao grupo português Esagri Espírito Santo, que abandonou o país pouco mais de dois anos depois, sem praticamente ter feito qualquer investimento e quando a verba já tinha alegadamente acabado.
O Estado são-tomense decidiu então dividir a propriedade em parcelas, que são agora geridas pelos trabalhadores.