13/11/2006 15:11:14 –
Por Cibelle Bouças
São Paulo/SP – A crise de rentabilidade dos produtores de grãos, que derrubou as vendas de insumos nos últimos dois anos, também mudou o perfil do setor de máquinas agrícolas. O segmento de pequenos tratores (com potência de até 50 cavalos) cresceu 49,2% entre janeiro e outubro, na comparação com igual intervalo do ano passado, para 1.873 unidades, conforme dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
No mesmo período, as vendas totais de tratores no país aumentaram 9,3%, para 17.333 unidades. Em dois anos, a participação dos pequenos tratores no mercado dobrou, para 10,8%. “O Pronaf é a ferramenta que está nos dando um bom volume de vendas”, afirma Sílvio Rigoni, gerente de vendas de tratores da Agrale. Pedro Cazado Lima Filho, gerente de marketing e pós-venda da Yanmar Agritech, líder do mercado de tratores de pequeno porte, com 54% de participação, concorda. “As facilidades de crédito do Pronaf alavancaram vendas no Sul, São Paulo, Rio e Espírito Santo”. Lima observa que as vendas destinaram-se principalmente aos segmentos de fruticultura, café e a granjas de aves e suínos. “Mas o campeão de compras é o setor de café, especialmente em São Paulo”, afirma.
Persio Luiz Pastre, vice-presidente da Anfavea, confirma que a maior a expansão de vendas ocorreu em São Paulo e no Rio Grande do Sul. A facilidade de crédito dada aos agricultores familiares atraiu a atenção das indústrias de maior porte, que reforçaram ações de marketing junto a este público e reduziram preços para ganhar em escala de vendas. A Yanmar, que atua há 20 anos neste segmento, registrou um crescimento nas vendas de 28,3% até outubro – menos que a média do mercado – , totalizando 962 unidades. “As concorrentes [Agrale, John Deere e Valtra] têm investido forte nessa área e pressionado os preços”, afirma Lima.
Ele diz que a empresa pretende lançar tratores de pequeno porte voltados para uso na pecuária e em usinas para garantir um crescimento no próximo semelhante ao deste ano, de 28% em volume de vendas. “Ano que vem a safra de café será menor e há previsão de redução da produção de uva também, o que pode desestimular produtores desses setores a fazerem grandes investimentos em máquinas no próximo ano”, observa.