Saiba a importância de fazer a desbrota
(20/02/2009 15:44)
Para entender a necessidade de se fazer a desbrota basta prestar atenção no cafeeiro. A planta é formada por um caule que dá sustentação ao pé de café e que tem a produção dos frutos nos galhos. Quando surge um novo broto na vertical, ele deve ser banido da lavoura.
“O que ocorre é que ele reduz a vida útil da lavoura e reduz também a produtividade. Em experimentos conduzidos pela Fundação Procafé nós chegamos a 15% de redução nessa produtividade, quando se conduz a lavoura com diversas hastes”, disse Alisson Fagundes, Engenheiro Agrônomo da Fundação Procafé.
Os brotos na vertical são chamados de ladrões, isso porque ele faz o papel de vilão das lavouras, atrapalhando inclusive os tratos culturais.
“Eles são chamados de broto ladrão, porque eles retiram os nutrientes preferencialmente. Ele é um dreno muito forte, então, quando a planta absorve a água e o fertilizante colocado no solo, primeiramente, é atendido esse broto ladrão, e só posteriormente é atendida a planta. As brotações ortotróficas propiciam microclima favorável ao desenvolvimento de determinadas pragas e doenças, como, por exemplo, a ferrugem do cafeeiro que é favorecida por uma grande quantidade de brotos ladrões”, complementou Fagundes.
De acordo com o engenheiro, até a mecanização pode ser prejudicada com esse problema, porque quando esses brotos ladrões ficam grandes eles costumam cair para o meio da rua, prejudicando a passagem dos tratores. “A desbrota deve ser realizada todo ano após a safra, porque realizando esta desbrota todo ano tem-se um rendimento de até 1000 plantas por dia por operador. Essa desbrota sendo realizada fora do período, ou seja, no período das águas ou no período que nós já estamos, em fevereiro, março, reduz muito a quantidade de plantas por operador, que vai girar em torno de 200 a 300 plantas por operador por dia”.
E a desbrota é ainda mais importante para quem sofreu com as chuvas de granizos que atingiram a região há alguns meses. É o caso do produtor rural Roberson, de Boa Esperança, MG, que também teve prejuízo com as chuvas de granizo.
“A chuva teve muito intensa aqui na região. A lavoura estava pronta para uma safra que ia ser feita em 2009, como perdeu a safra temos que esqueletar a lavoura para fazer uma safra em 2010. Foi esqueletada em 2008, agora estamos desbrotando para fazer a sequência do pé, para ter uma produção em 2010 ”, disse Roberson.
De acordo com um levantamento feito pela Emater em setembro do ano passado, pelo menos 30 mil hectares de café foram atingidos pelas chuvas de granizo. O município mais prejudicado foi Campos Gerais, onde 500 cafeicultores tiveram prejuízos com o temporal, e 40% da produção foi comprometida. Os manejos utilizado para recuperar as lavouras foram a recepa, o decote e o esqueletamento.
“A gente tem que vir tirando, à medida que vai saindo broto vai tirando, porque o pé quando faz esqueletamento ele solta muitos brotos, então a gente já tirou um pouco em dezembro, agora ta tirando de novo”, complementou Roberson.
“Em caso de decote e esqueletamento nós sempre devemos deixar de uma a duas brotações na parte superior do caule, para reformular esse caule”, finalizou Fagundes.