Safra de grãos cai 5,39% ante 2004

21 de outubro de 2005 | Sem comentários Estatísticas Exportações
Por: Hoje em Dia

RIO – A produção total de cereais, leguminosas e oleaginosas deverá alcançar 112,936 milhões de toneladas neste ano, 21 milhões a menos que o previsto pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em janeiro, no Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), cuja estimativa de setembro é 5,39% inferior ao registrado em 2004, de 119,370 milhões de toneladas. É a segunda queda consecutiva da produção de grãos no país. Em 2004, já havia ocorrido uma redução de 3,45% ante 2003, ano que apresentou aumento de 27% sobre 2002, totalizando uma safra recorde para o país.

Em relação à estimativa de agosto, de 113,131 milhões de toneladas, houve uma redução de 0,17%. Segundo o IBGE, como a colheita da maioria dos produtos já foi encerrada, restará nos próximos levantamentos acompanhar os produtos de inverno, com destaque para o trigo, pela sua importância econômica, maior que as culturas de cevada, centeio, aveia e triticale.

O gerente do levantamento de safra do IBGE, Neuton Rocha, disse que apenas a colheita do trigo, que termina no final de dezembro, poderá apresentar alguma modificação em relação à estimativa atual, mas isso não mudará o total previsto para a safra de grãos. Ele explicou que a redução em relação às projeções no início do ano ocorreu especialmente por causa dos problemas no Sul, que deverão afetar também a safra 2006.

Nesta previsão, e em relação a agosto, quatro produtos sobressaíram, em termos de estimativa de variações: caroço de algodão herbáceo (-1,40%), feijão em grão 2ª safra (-1,87%), feijão em grão 3ª safra (2,22%) e trigo em grão (-2,00%). Já em relação a setembro do ano passado, apresentaram variação positiva o feijão em grão 2ª safra (7,55%), o feijão em grão 3ª safra (13,16%), a mamona (37,57%) e a soja em grão (3,17%).

A produção nacional de trigo para este ano é de 5,096 milhões de toneladas, menor 11% do que a obtida na safra de 2004 (5,726 milhões de toneladas). Em uma área plantada de 2,367 milhões de hectares, aguarda-se um índice de produtividade de 2.153 kg/ha, maior 5,02%.

A região Centro-Oeste ultrapassará o Sul na produção de grãos em 2005, pela primeira vez na história. O gerente do levantamento de safra do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Neuton Rocha, disse que os problemas climáticos no Rio Grande do Sul e no Paraná levarão a região Sul a uma queda, também histórica, de 20% na safra agrícola em 2005, na comparação com o ano passado. Em contrapartida, o Centro-Oeste terá aumento de 5,71% no desempenho deste ano.

A ‘virada’ regional no ranking levou o Mato Grosso, com fatia de 21,94% da safra, a ultrapassar, também pela primeira vez, o Paraná, com 19,63%, na safra nacional de grãos. Segundo Rocha, a mudança estrutural na participação regional na safra brasileira já era esperada. Mas seria um movimento lento, já que o Centro-Oeste poderá expandir sua colheita com tecnologia e aumento de área, enquanto o Sul não tem como ampliar a área plantada e, por isso, só poderá aumentar a produção com auxílio de tecnologia. No entanto, segundo ele, não se esperava a mudança ‘atípica’ já neste ano.

O Rio Grande do Sul terá participação de 10,75% na safra brasileira, que no total chegará a 112,9 milhões de toneladas, com queda de 5,4% ante a safra anterior. A região Sul responderá por 34,5% da safra 2005, enquanto a Centro-Oeste ficará com 37%.

O Sul terá em 2005 a segunda redução consecutiva da safra, que havia caído 17% em 2004 ante 2003, também por causa de problemas climáticos. Segundo Rocha, os levantamentos de campo do IBGE para os prognósticos da safra 2006 têm apurado que, especialmente no Sul, os baixos preços dos produtos agrícolas (soja, milho, arroz) estão provocando ‘um certo desânimo’ nos produtores. O primeiro prognóstico do instituto da safra 2006 será divulgado dia 8 de novembro.

Minas bate recorde na produção de 10,5 milhões de toneladas

Luciana Rezende
Repórter
Em termos de volume de grãos produzidos, Minas Gerais caminhou na contramão da produção brasileira no ano de 2005. Enquanto houve uma quebra na safra nacional, com estimativa de queda de 5,4% sobre os números de 2004, a expectativa dos mineiros é colher 10,5 milhões de toneladas de grãos, um recorde na história do Estado. O crescimento será de 7,3% sobre a safra 2003/2004, principalmente pelo fato de Minas não ter sofrido problemas climáticos em 2005, ao contrário de outras regiões do país, como o Sul. Além disso, de acordo com o economista da Federação da Agricultura e Pecuária de Minas Gerais, Sérgio Avellar, houve um aumento de 3,9% da área plantada no Estado, o que também contribuiu para o resultado. ‘Os produtores esperavam preços maiores neste ano, o que acabou não acontecendo’, destaca Avellar.

Neste caso, ele garante que Minas não foge à regra brasileira. Quando se avalia a geração de receita e rentabilidade dos produtos agrícolas em 2005, tanto o Estado quanto o país tiveram déficit. Aqui, a rentabilidade caiu 17,5%, e o faturamento, 12,4%, uma perda de R$ 570 milhões em relação a 2004. Culpa, de acordo com o economista, da redução de preços em diversas commodities, tais como o algodão (-32,2%), arroz (-47,9%), milho (-11,2%) e soja (-37,2%). ‘O prejuízo maior aparecerá na safra 2006, que começa a ser plantada agora. Como houve queda na receita e aumento do endividamento do agricultor, os investimentos serão menores. A estimativa é de que a área plantada deverá cair entre 4% e 5% e ainda haverá um menor uso de tecnologia. O cenário é péssimo para o produtor’, avalia.

Com relação aos dados de setembro, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), os números de Minas se mantiveram estáveis, como informa o gerente do levantamento da produção agrícola, Neuton Alves Rocha. ‘O Estado, assim como a maioria, já encerrou sua colheita de grãos e se prepara para a safra 2006. Agora os resultados refletem, praticamente, a colheita de trigo, no Sul’, esclarece. O estudo do IBGE mostra uma queda na produção de café no Estado da ordem de 17,6% e de 2,85% na área colhida, em função da bianualidade do produto. Já o feijão registrou acréscimos na área (0,26%) e produção (4,57%), enquanto a safra do trigo (apenas 1,2% do total nacional) cresceu 2,82%.

Mais Notícias

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.