Safra de café do Brasil pode cair em 1ª quebra de ciclo bianual

Por: MSN

09/01/2014

Por Gustavo Bonato

SÃO PAULO, 9 Jan (Reuters) – A safra brasileira em café em 2014 foi estimada em média nesta quinta-feira em 48,34 milhões de sacas de 60 kg, caindo ante 2013, no que poderia marcar a primeira quebra no ciclo bianual do arábica na história recente do maior produtor mundial da commodity, de acordo com dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

O café arábica, o mais cultivado no Brasil, tradicionalmente oscila altas e baixas anuais na produção. Este ano deveria ser o de ciclo positivo, mas as cotações do produto despencaram em 2013, o que levou cafeicultores a reduzirem os investimentos.

“Muitos produtores, com o preço baixo, anteciparam algumas podas drásticas, fizeram algumas podas do café, diminuíram os tratos culturais”, explicou o ministro da Agricultura, Antônio Andrade, em entrevista coletiva em Brasília.

A Conab estimou a safra total (arábica e robusta) em uma faixa de 46,53 milhões a 50,15 milhões de sacas para 2014, o que poderia ser uma redução de 5,4 por cento ante 2013 ou um crescimento de 2,02 por cento, respectivamente.

Apesar da notícia, os preços do café na bolsa de Nova York operavam em baixa nesta quinta-feira, com realização de lucros após um pico de contrato desde agosto nesta semana decorrente de notícias de uma safra menor do Brasil.

Na safra passada, o Brasil colheu 49,15 milhões de sacas, um recorde para anos de baixa do ciclo do arábica, que responde por cerca de 75 por cento da produção brasileira.

No último ano de alta, em 2012, o país colheu 50,83 milhões de sacas, segundo a Conab.

Se confirmado o número médio divulgado nesta quinta-feira, será a primeira vez que o Brasil colherá menos em um ano de alta na comparação com o ano anterior, de baixa, dentro da série histórica da Conab, iniciada em 2001.

ARÁBICA

Apesar de ser em tese um ano de alta no ciclo, em qualquer dos cenários traçados pela Conab o Brasil deverá reduzir sua produção de café arábica em 2014 ante 2013, quando a produção foi abundante.

A estimativa média da Conab para a variedade é de 36,3 milhões de sacas (intervalo entre 35,07 e 37,53 milhões sacas).

A redução da safra de arábica ante 2013 pode variar de 2 a 8,4 por cento.

Além da intensa poda realizada pelos cafeicultores para reduzir custos, a queda na produção é decorrente também de uma redução de 61 mil hectares na área cultivada com arábica este ano, disse a Conab.

A queda também é atribuída à “inversão da bienalidade em algumas regiões, aliada ao menor investimento nas lavouras, reflexo da descapitalização dos produtores, decorrente dos baixos preços do café.”

Em meados de 2013, o café no mercado internacional bateu a menor cotação em mais de 7 anos, pressionado por ampla oferta global –especialmente no Brasil–, gerando reclamações e causando dificuldade financeira para os produtores do país que lidera as exportações.

O governo federal tentou diversas intervenções para sustentar o mercado interno, inclusive com oferta de contratos de opção de venda para 3 milhões de sacas.

O ministro da Agricultura avaliou ainda nesta quinta-feira que “todos os efeitos (das medidas) foram positivos”.

Ele atribui a queda da produção a uma pressa dos agricultores em reduzir área, antes de uma recuperação dos preços.

ROBUSTA

A produção da variedade robusta deve atingir 12,04 milhões de sacas (ponto médio entre 11,46 milhões e 12,62 milhões de sacas), com um crescimento entre 5,46 e 16,15 por cento.

“Este resultado se deve, sobretudo, à recuperação da produtividade, que na safra anterior sofreu com a forte estiagem, e ao crescimento da área em produção, principalmente no Estado do Espírito Santo, maior produtor da espécie”, disse o relatório da Conab.

Em 2013 a produção foi de 10,86 milhões de toneladas e em 2012 de 12,48 milhões de toneladas.

(Com reportagem adicional de Nestor Rabello em Brasília)

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