Crescimento da produção em relação à safra passada é de 23%, ou seja, cerca de 7,7 milhões de sacas a mais
São Paulo – Os produtores de café das principais regiões do País começam a intensificar a colheita nesta segunda quinzena de junho. O Brasil colhe uma boa safra, de 40,6 milhões de sacas de 60 quilos, que deve injetar perto de US$ 4,5 bilhões na economia. O crescimento da produção em relação à safra passada é de 23%, ou 7,7 milhões de sacas a mais.
O clima seco tem favorecido as atividades no campo. Produtores dizem que a qualidade da safra é boa em termos de bebida. Só a secagem está um pouco lenta, em virtude do frio.
Os cafeicultores da Mogiana paulista e do sul e do Cerrado de Minas, que se adiantaram na colheita, foram aconselhados a retardar os trabalhos, pois os primeiros lotes que estavam chegando às cooperativas apresentavam elevado índice de grãos verdes. “O ritmo deve acelerar a partir de agora”, diz o presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), Maurício Miarelli.
Apesar da recomendação das cooperativas para a diminuição do ritmo dos trabalhos, o produtor descapitalizado, principalmente o pequeno, não tem como esperar o ponto ideal de colheita. Por isso, a chegada dos primeiros lotes ao mercado já pressiona os preços do café. Em maio, houve queda de 5,6% na cotação média do café arábica, tipo 6, conforme levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP. A saca foi cotada a R$ 234,86, ante R$ 248,82 no mês anterior.
Na primeira quinzena, os preços mantiveram tendência de queda. A cotação média da saca de café novo no sul de Minas é de R$ 215 a R$ 220. Considerando os descontos com encargos e impostos, o valor está próximo do custo de produção.
O governo repassou até o momento R$ 149 milhões dos R$ 600 milhões destinados à colheita. Outros R$ 800 milhões estão destinados para a estocagem do produto. “Esses recursos, embora não acessíveis a todos produtores, são necessários para enxugar o mercado”, diz Carlos Alberto Paulino da Costa, presidente da Cooxupé, maior cooperativa exportadora de café do País.
Os produtores avaliam que o crédito pode não ser suficiente para sustentar os preços. O CNC deve sugerir ao governo um programa de contratos de opções de venda, capaz de tirar do mercado 5 milhões de sacas. Pelo mecanismo, o produtor teria o direito, e não a obrigação, de entregar o produto ao governo, por um valor preestabelecido. Resta saber, porém, a origem dos recursos e a posição do governo.
Um alento para os produtores vem dos estoques de café. Segundo a Organização Internacional do Café, o estoque do produto tem diminuído. No Brasil, houve queda de 17,5 milhões de sacas em 2005, para 9 milhões de sacas. “Estamos entrando na nova safra com o estoque na base da ‘raspa do tacho’ “, diz Paulino da Costa.(Tomas Okuda/AE)