Safra de café conilon deve bater recorde no ES

VALOR ECONÔMICO -SP


25/04/2012



Já começou, em ritmo ainda lento, a colheita de café conilon (robusta) no país. No Espírito Santo, maior produtor nacional, que em 2012 comemora 40 anos de cultivo comercial, a safra deverá alcançar um novo recorde.


De acordo com dados da CONAB destacados pela Secretaria da Agricultura do Estado, a produção deverá totalizar 9,3 milhões de sacas no ciclo 2012/13, 8,9% mais que em 2011/12 (8,5 milhões). Somada à produção de café arábica, a colheita estadual deverá totalizar 12,1 milhões de sacas. A área plantada com o robusta teve ligeira alta de 0,3% na comparação, para 278,4 mil hectares.


Enio Bergoli, secretário de Agricultura do Espírito Santo, diz que o clima pode prejudicar a produtividade em algumas regiões. As chuvas foram abaixo da média de janeiro até o fim de março. Entretanto, as lavouras novas, que utilizam tecnologias como a irrigação, por exemplo, poderão ter uma produção bastante superior.


Nesse sentido, Bergoli acredita que a produção capixaba de robusta ainda poderá chegar a cerca de 9,8 milhões de sacas. Alguns “players” desse mercado projetam mais de 10 milhões. “Mas vamos ser prudentes”, diz.


Bergoli diz que a produtividade média do grão no Estado saltou quase 240% nos últimos 18 anos. Saiu de 9 sacas por hectare, em 1993, para mais de 30,3, porém em algumas lavouras é possível retirar 60, 90 e até mais de 100 sacas por hectare. De acordo com ele, o avanço da cultura no Espírito Santo é resultado de investimentos em tecnologias de ponta e renovação de cafezais. O Estado ainda pretende investir na melhoria da produtividade e da qualidade do grão.


O Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) deve lançar mais dois clones de café robusta, e um deles será o primeiro com características “desejáveis” de aroma e sabor. A cultura, plantada tradicionalmente em áreas abaixo de 400 metros de altitude, agora avança para locais de 500 a 600 metros de altitude, típicos de plantio do café arábica.


A queda recente dos preços no mercado físico, segundo Bergoli, “acendeu a luz amarela”, mas ele acredita que o produtor que investiu em tecnologias e fez a renovação dos cafezais terá competitividade. “Os tecnificados vão continuar com margem positiva”.


A variedade robusta, considerada menos nobre que a arábica, é muito utilizada para blends de café torrado e moído e na fabricação de café solúvel. A demanda pelo produto brasileiro no mercado internacional aumentou desde o fim de 2011, segundo Gil Barabach, analista da Safras \u0026amp; Mercado, em decorrência da retração das vendas do Vietnã, o maior produtor mundial de robusta. Além disso, houve maior procura pelo grão, mais barato que o arábica, para o uso em blends da bebida.


A Safras e Mercado projeta uma produção nacional de café robusta de 13,6 milhões a 14,3 milhões de sacas em 2012/13, contra 13 milhões na temporada anterior. O último levantamento da CONAB estima uma produção média – e também recorde – de 12,9 milhões de sacas, um aumento de 14,5% na comparação com as 11,3 milhões de 2010/11. A previsão para o robusta em 2012 representa cerca de 25% da safra total de café do país. Incluindo a variedade arábica, a média das estimativas da CONAB sinaliza uma colheita consolidada de 50,6 milhões de sacas.


O Espírito Santo representa 7,6% da produção de café arábica do país, mas 72% do cultivo de conilon. No total, a cultura é responsável por cerca de 40% da renda rural do Estado. A colheita começou neste mês, mas o volume ainda é muito baixo. Cerca de 90% da colheita é feita entre os meses de maio, junho e julho.

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