SÃO PAULO, 23 de maio (Reuters) – A safra de café do Brasil em 2007/08, apesar de menor que a anterior, ficará acima do normal para anos de baixa produção no ciclo bianual da cultura, devido a um maior investimento dos produtores nas lavouras, estimou nesta terça-feira a Abic (Associação Brasileira da Indústra do Café).
A entidade, no entanto, não forneceu um número para a produção, dizendo ser ainda muito cedo e que o resultado final vai depender, basicamente, das condições climáticas até a colheita, em meados de maio de 2007.
O Brasil está iniciando neste mês a colheita da maior parte das lavouras de café da safra 2006/07, em fase de alta do ciclo bianual das plantas. O governo estima uma safra de 40,6 milhões de sacas, ante 32,9 milhões de sacas no período anterior.
“A queda (na produção) vai existir, mas não na intensidade como ocorria no passado em anos de ciclo baixo”, afirmou a jornalistas Sydney Marques de Paiva, diretor de marketing da Abic e presidente da companhia mineira Café Bom Dia Ltda.
“O produtor tem colocado um pouco mais de cuidado na lavoura, isso a gente percebe”, afirmou. “Mas que existe a bianualidade, existe. A produção vai cair (ante a safra atual)”.
Analistas têm afirmado que apesar de o mercado esperar por uma redução da safra 2007/08 do Brasil, essa queda poderia ser pequena, com a produção ficando apenas um pouco abaixo da deste ano, devido ao maior investimento nas lavouras.
Nathan Herszkowicz, diretor executivo da Abic, salienta que a indústria não trabalha, no entanto, com um panorama de melhora na oferta devido a um desempenho acima da média na produção no ano que vem.
“Teoricamente, em relação a estoques, a situação será muito mais crítica no ano que vem do que agora”, afirmou.
“Lembre-se que a safra deste ano é a quarta seguida em que a produção vai ficar abaixo da demanda brasileira”, disse o diretor, referindo-se à demanda somada do mercado local e do mercado exportador.
O consumo no Brasil em 2005 ficou em 15,5 milhões de sacas, segundo a Abic, e a exportação chegou a 26 milhões de sacas, enquanto a produção em 2005/06 foi de 32,9 milhões de sacas. A diferença foi coberta pela redução nos estoques.