Sabor do espresso conquista mercado

31 de janeiro de 2006 | Sem comentários Cafeteria Consumo








São Paulo, 27 de
Janeiro de 2006 – Redes de franquias, lojas independentes e mesmo as padarias
ganham mais por xícara de café. Para fechar um negócio ou colocar a
conversa em dia, não falta um cafezinho. Pelo menos no Brasil, onde o consumo da
bebida cresce cerca de 100 mil sacas por mês. Em 2005, os brasileiros consumiram
15,5 milhões de sacas de café. Desse mercado, o expresso significa
apenas 4%, mas cresce em taxas superiores a 20% ao ano, segundo o Instituto de
Economia Agrícola (IEA). O número se repete na venda de máquinas de expresso e
nos negócios das empresas que fabricam os suprimentos para a produção.

A
rede paulistana Fran’s Café, que desde 1972 comercializa expresso com blend
próprio (mistura de grãos que faz uma marca única), aumentou sua receita em 22%
em 2005. A média diária de consumo ficou em torno de 270 xícaras de expresso por
loja, 18% acima de 2004.

Lançar blends próprios tem sido uma alternativa
para se diferenciar frente à concorrência. Para Gerson Cantarino, gerente de
operações da Fran’s Café, este é o motivo do crescimento da marca. “O sabor
fideliza nossos clientes, hoje 3,5 milhões de pessoas por mês. É uma tendência
forte. As cafeterias estão aprimorando seu grão e a qualidade do produto, da
matéria-prima na fazenda ao produto final.”

O blend da rede é formado por
grãos de diversas regiões, como Sul de Minas, Paraná e Bahia. “A mistura de
grãos selecionados resulta em um café de excelente qualidade, que chega ao
consumidor por R$ 1,90 a xícara”, diz Cantarino. Já são 95 lojas, quatro
próprias e demais franqueadas. Para este ano, a expectativa é abrir 25 novas
lojas.

A venda de café expresso representa cerca de 20% do
faturamento da Fran’s, que tem receita mensal em torno de R$ 50 mil por loja.
Isto é, cada unidade fatura algo em torno de R$ 10 mil somente em
cafezinho.

Há dois anos, o café Fran’s também é vendido nos
supermercados Pão de Açúcar e no Sam’s Club, em pacotes em grãos e sachês para
máquinas de expresso. Hoje são comercializados mensalmente cerca de mil caixas
de sachês (porção individual) e 200 quilos em grãos, ambos para expresso. Somada
ao consumo nas lojas, representa uma produção de oito toneladas mensais de
café
Fran’s.

Fornecedor homologado

A rede Grão Espresso, com 135 lojas,
não tem produção própria. “Temos fornecedores homologados, como Café Pelé e
Modele (locatária das máquinas de café)”, afirma Breno Bromberg, gerente
comercial. “Hoje a busca é por qualidade. Vale muito mais a pena tomar um
expresso, em que a qualidade dos grãos é maior, por R$ 1,30, do que um
café coado por R$
0,90.”

A média diária de consumo é de 250 cafés por loja e corresponde a 25% do
faturamento das unidades, de R$ 25 mil mensais. “Desde 2003 temos um aumento
anual de consumo de expresso de cerca de 10%, considerando o mesmo número de
lojas”, diz Bromberg. O aumento se concentra no Estado de São Paulo, nas regiões
Nordeste e Centro-Oeste.

O número de cafeterias independentes,
desvinculadas das grandes redes de franquias, também é crescente, mas não
assusta as casas tradicionais. “Não consideramos muito a concorrência das
cafeterias ‘sem bandeira’. Você pode conseguir um fornecedor de café e de pão-de-queijo e abrir sua loja,
mas fará praticamente o mesmo investimento de uma franquia”, pondera Bromberg.
“Não terá taxas de royalties e propaganda, mas também não terá o treinamento de
equipe, identificação visual, fornecedores homologados com condições de compra
diferenciadas e apoio administrativo.”

Para o executivo, a chance de
acerto com a entrada no mercado através de uma rede já estabelecida é muito
maior, pois, apesar das despesas fixas a mais, o faturamento e os produtos dão
um retorno compensador.

Estrangeiras
O aumento do consumo
nacional de expresso tem atraído investimento de gigantes do setor. A italiana
Luigi Lavazza SPA, sexta maior rede de café expresso do mundo, já anunciou que
desembarca este ano no Brasil. A empresa vai construir aqui a sua primeira
fábrica fora da Itália, com investimentos iniciais superiores a R$ 5
milhões.

Também italiana, a Illy Bar Concepts, com 60 lojas em 15 países,
não confirma notícia sobre sua entrada no País. Na marca Illy Café, mais de 55%
do blend procede do Brasil. Já os executivos da americana Starbucks, maior rede
mundial de cafeterias, elegeram no ano passado o Brasil como um de seus três
mercados prioritários, junto com Índia e Rússia. A rede soma vendas de US$ 4
bilhões.

(Gazeta Mercantil/Caderno C – Pág. 3)(Maria Luíza
Filgueiras)

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