Rótulos de bebidas energéticas deviam alertar para riscos na saúde

27 de outubro de 2008 | Sem comentários Cafeteria Consumo
Por: 27/10/2008 09:10:57 - Diário de Notícias - Portugal

Consumo. Estudo americano sugere perigo de dependência Consegue beber vários cafés seguidos? Pois é o que acontece quando ingere determinadas bebidas energéticas. As doses de cafeína chegam a ser tão elevadas que especialistas americanos defendem que deviam conter avisos sobre os riscos para a saúde.


São cada vez mais os jovens que recorrem à s bebidas energéticas para obter doses extra de energia. O slogan da Red Bull, uma dessas bebidas, não podia ser mais apelativo: revitaliza corpo e mente. De acordo com a empresa austríaca, o objectivo fisiológico nutricional da bebida é o de “auxiliar a enfrentar mais facilmente o esforço exigido no dia-a-dia e durante a prática de desporto, bem como superar a fadiga”.


Em 2007, só em Portugal foram vendidas mais de dez milhões de latas de Red Bull, um número que deverá ser ultrapassado este ano uma vez que a empresa prevê chegar aos 14 milhões. Esta é apenas uma das bebidas energéticas à  disposição dos consumidores nas prateleiras dos supermercados. O que a maioria desconhece é que consumidas em excesso po- dem representar vários perigos para a saúde pois algumas chegam a conter sete vezes mais cafeína do que um café bem forte ou 14 vezes mais do que uma lata de Coca-Cola.


Um estudo levado a cabo por Roland Griffiths, professor da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, alertou para o perigo de algumas pessoas se tornarem fisicamente dependentes de bebidas energéticas e começarem a sentir efeitos secundários como ataques de pânico, náuseas ou dores no peito. Griffiths analisou 28 bebidas energéticas e descobriu que uma lata de Red Bull contém 80mg de cafeína. Já a Relentless, comercializada pela Coca-Cola, contém 160mg, a Cocaine, uma marca controversa, chega aos 280mg e a Whoop Ass consegue bater toda a concorrência ao incluir numa única lata 505mg de cafeína.


“Esta é a substância psicoactiva mais usada em todo o Mundo por ambos os sexos e praticamente por todos os extractos sociais”, explica Alexandra Bento, presidente da Associação Portuguesa de Nutricionistas (APN). “Os efeitos da ingestão moderada incluem um aumento do estado de alerta, diminuição da fadiga física e mental e estimulação do raciocínio. Em doses moderadas não provoca transtornos em pessoas que gozem de boa saúde. Já doses excessivas podem ocasio- nar, em pessoas mais susceptíveis, ansiedade, insónia, irritabilidade e taquicardia”.


De acordo com as evidências científicas, a ingestão de cafeína por adultos saudáveis deve limitar-se a um máximo de 400 mg/dia, sendo que o consumo de café, chá e outras bebidas com cafeína é desaconselhado a crianças e adolescentes. As grávidas e mulheres que pensem engravidar devem restringir o consumo a 300 mg/dia.


Apesar dos estudos, as latas de bebidas energéticas apenas apresentam as percentagens de cafeína, não os teores e até numa lata de Coca-Cola pode ler-se apenas que “inclui cafeína”, o que levou os investigadores a sugerir mudanças nos rótulos já que sem este tipo de informação os consumidores podem não saber o que estão a tomar ou qual é o limite. “No mínimo vai deixar as pessoas mais conscientes do que estão a fazer”, afirmou Roland Griffiths.


A União Europeia exige que as bebidas energéticas tenham um selo que informe sobre o “alto teor de cafeína”. “Algumas pessoas devem limitar a ingestão de cafeína, nomeadamente pessoas com problemas gástricos e aquelas mais sensíveis à  sua acção no sistema nervoso central. Para maior segurança é preferível que perguntem ao médico se podem beber bebidas com cafeína e em que doses”, aconselha a nutricionista Alexandra Bento.

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