08 de dezembro de 2010 | 20h 51
REUTERS
Wagner Rossi, fazendeiro de Ribeirão Preto (SP) cuja extensa carreira à frente de cargos públicos revela sua essência de político, continua no Ministério da Agricultura no governo Dilma com a missão de utilizar sua marca de negociador para tentar resolver problemas do país que muitas vezes fogem das atribuições de sua pasta.
A Agricultura sofre com déficits de infraestutura e logística, esta última mais sob a responsabilidade do Ministério dos Transportes, com um real valorizado e sua política determinada pela Ministério da Fazenda, além do protecionismo de países que barram técnica e tarifariamente a entrada de produtos brasileiros, escopo do Itamaraty.
Deputado federal por três legislaturas e deputado estadual por duas em São Paulo, Rossi já passou por diversas secretarias paulistas, como Transportes, Infraestrutura Viária, Educação, entre outras, e foi presidente da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), empresa que administra o porto de Santos, o maior da América Latina.
Experiência que pode ajudar na resolução dos principais gargalos da agropecuária nacional.
Além de afinar relações com seus colegas de ministério, visando desatar os nós que dificultam o desenvolvimento do setor, Rossi, de 67 anos, terá o desafio de gerenciar outros conflitos como as tradicionais rusgas entre ambientalistas e produtores rurais, algo que costuma manchar a imagem do país no exterior.
E desde que assumiu como ministro-tampão em março deste ano no lugar de Reinhold Stephanes –que deixou o cargo para voltar à Câmara– ele busca imprimir a marca da sustentabilidade ao ministério a pedido do presidente Lula.
Disposição para negociar não falta a Rossi, que costuma repetir que as portas do seu gabinete estão sempre abertas para receber integrantes do MST ou empresários do setor.
Filiado ao PMDB, ele garantiu seu lugar no ministério como parte da cota do partido no novo governo, cujo vice-presidente, o peemedebista Michel Temer, é um companheiro de política de longa data. Um de seus cinco filhos, Baleia Rossi, aliás, foi reeleito deputado estadual em São Paulo pelo PMDB.
Mas se Rossi –formado em Direito pela Universidade de São Paulo e com diversos cursos de pós-graduação, alguns deles no exterior– sempre teve forte atuação política, ele também gaba-se de ter 30 anos dedicados ao setor agrícola, segundo perfil publicado no site do ministério.
Antes de assumir o cargo atual, era presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), e durante a sua gestão adotou uma firme política de retomar a formação de estoques públicos de café, de milho e trigo.
Em seus discursos, o ministro faz questão de lembrar que os recursos para financiamento do atual Plano Safra são cinco vezes maiores do que os alocados no início do governo Lula, uma mostra do comprometimento do país com seus agricultores.
Com esse apoio, o ministro prevê que o Brasil poderá, em 10 anos, responder por um terço do fluxo de comercialização de alimentos no mundo, contra cerca de 25 por cento do montante atual.
Como proprietário rural, Rossi planta cana e cria gado no interior de São Paulo. Mas a propriedade é atualmente administrada por um de seus filhos.
(Reportagem de Roberto Samora)