Bons companheiros. Fortes, rústicos e dóceis, apesar da aparência de bravos, esses animais estão ajudando a família de João Inácio Leite e de outros pequenos proprietários de Rondônia, e também do Vale do Ribeira, em São Paulo, a ter melhor qualidade de vida. Os animeis dão leite rico em proteínas e são vigorosos auxiliares em trabalhos de tração. Além de serem pequenos produtores em regiões pobres, muitas famílias de Rondônia e do Vale do Ribeira têm em comum o fato de participarem de programas governamentais de incentivo à criação de búfalos. Algumas características desses animais atraem novos adeptos a cada ano: a qualidade da carne (mais rica em proteínas e com menos colesterol) e do leite (mais rico em gordura e proteínas) e a força muscular. Em 1990, o Brasil tinha pouco mais de 2 milhões de búfalos e o abate atingia 400 mil por ano, correspondentes a 100 mil toneladas de carne. Hoje, segundo a Associação Brasileira de Criadores de Búfalos, há 3 milhões de animais, com abate anual de 600 mil cabeças e consumo de 150 mil toneladas de carne. Apesar do crescimento acelerado, sobretudo na Fazenda Pau d`Óleo, em Rondônia, o rebanho ainda é pequeno, a nível de Brasil, comparado aos 150 milhões de bovinos. Animal rústico, facilmente adaptável às adversidades de clima, solo, relevo e pasto, o búfalo é opção para as duras condições de trabalho das pequenas propriedades. Em Rondônia, o programa “Leite e Trabalho” é dirigido aos pequenos produtores organizados em associações e cooperativas. Iniciado há dois anos, até agora beneficiou 30 mil famílias com propriedades de 50 hectares, em média. Os animais são mestiços, principalmente das raças murrah e mediterrâneo, mas têm também um pouco de sangue de carabao. Esse programa foi desenvolvido pelo projeto Novas Fronteiras do Denacoop (Departamento de Associativismo e Cooperativismo do Ministério da Agricultura), pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), de Porto Velho (RO), e pela Ocer (Organização das Cooperativas do Estado de Rondônia. Em Rolim de Moura, o produtor José Segundo Bertoldi utiliza o búfalo em seus 50 hectares, principalmente para puxar a colheita de 22 mil pés de café para o terreiro e para reformar o cafezal velho, em 5 hectares. Ele , a mulher Maria das Graças, e os três filhos cuidam de uma fêmea e um macho com carinho. Aproveitam o leite para fazer requeijão. A primeira cria, um bezerro, já repassado para outra família, pesou 105 quilos com 75 dias. O macho adulto puxa toco com mais de 350 quilos. “Apesar da aparência de bravos, os animais são dóceis”, garante a família Bertoldi. Ao contrário dos bovinos, os búfalos não dão coice nem chifrada. Aos poucos, a fama do búfalo se espalha entre os moradores da região e surgem novos interessados na criação. Há mais de 10 anos, a Embrapa incentiva a tração animal e aposta na vocação do Estado para a bubalinocultura. (CLÁUDIO PAIVA) |