Produtores iniciam a colheita do café conillon no ES e quebra deve ficar
próxima de 30%. Cenário ainda é reflexo do clima irregular, com déficit hídrico
e altas temperaturas. Grãos não desenvolveram bem e a perda para essa safra pode
chegar aos 3 milhões de saca em todo o estado. Adversidades climáticas também
podem afetar a produção de café no próximo ano.
No Espírito Santo, os cafeicultores deram início à colheita do café
conillon e a projeção é de quebra em torno de 30% na produção, equivalente a 3
milhões de sacas. A situação é decorrente das condições climáticas adversas
observadas no final do ano passado, que afetou a produção do grão. Até o
momento, cerca de 5% da área cultivada com materiais de maturação precoce foi
colhida.
Segundo o pesquisador do Incaper (Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência
Técnica e Extensão Rural) e coordenador do programa estadual de cafeicultura,
Romário Ferrão, as altas temperaturas, juntamente com o déficit hídrico foram os
responsáveis pela redução na produção. “Ficamos até 100 dias sem chuvas no
estado, entre os meses de dezembro, janeiro e fevereiro de 2015. E a situação
também pode impactar a produção do próximo ano”, destaca.
Ainda nessa temporada, alguns cafeicultores já registram uma quebra de até
50% na safra. O clima irregular atingiu os cafezais em um dos momentos mais
importantes da cultura, na fase de formação e enchimento de grãos. Com isso, as
plantas não cresceram da maneira como deveriam e há muitos grãos mal formados,
com defeitos, conforme sinaliza o pesquisador.
O estado, que produz as variedades conillon e arábica, é o segundo maior
produtor de café do Brasil e responsável por 28% da produção do país. Somente na
safra anterior, os produtores capixabas produziram 13 milhões de sacas de café,
entre elas, 10 milhões de sacas de conillon e 3 milhões de sacas de arábica.
Além disso, o pesquisador também sinaliza que a produção cafeeira tem
crescido no estado nos últimos anos. “Em 20 anos, o conillon quase duplicou a
sua produção, sem aumento expressivo de área. Cenário que é um reflexo dos
investimentos em tecnologia e renovação das lavouras”, explica Ferrão.
O pesquisador ainda orienta que os cafeicultores apostem na utilização de
tecnologias para driblar os problemas nos cafezais, como com o clima. “Temos
variedades mais resistentes à seca que já foram desenvolvidas. O produtor
precisar ser conscientizar que esse é um problema real e que devem se preparar
dentro do planejamento, visando melhorar a atividade”, finaliza.
Por: Fernanda Custódio
Fonte: Notícias Agrícolas