Desvio proposto pelo Dnit tem cerca de 100 quilômeros a mais
Ofechamento do trecho de 140 quilômetros da BR-354, na Região do Alto Paranaíba, iniciado na segunda-feira atendendo à uma decisão da Justiça, já está causando prejuízos a moradores e comerciantes locais. Isso porque o desvio proposto pelo Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (Dnit) tem cerca de 100 quilômetros a mais. Várias transportadoras que usam a chamada Rodovia do Milho estão negando carregar produtos da região.
Uma das cidades mais afetadas pela interdição da rodovia é Carmo do Paranaíba, a 348 quilômetros de Belo Horizonte, localizada bem no meio do trecho. Segundo o presidente do Sindicato Rural do município Carolino Ferreira da Silva, as distribuidoras estão paradas e parte da safra pode ser perdida devido à falta de condições de armazenagem e ao fato de boa parte dos produtos ser perecível, como os hortigranjeiros. Somente na minha fazenda são produzidos 20 mil ovos por dia e em uma semana eles estragam”, afirmou. Além disso, o bloqueio foi feito bem no período da colheita do café. “A nossa região tem um dos cafés mais famosos do mundo e, com a decisão, pode ter a reputação bastante prejudicada, pois haverá atraso na entrega.”
Os problemas são enfrentados também pelos moradores locais. Os pacientes em situação mais grave, que precisam ser transferidos para os hospitais de Patos de Minas, podem ser transferidos para a cidade. Entretanto, na volta a ambulância é proibida de passar pela BR-354, sendo obrigada a desviar o trajeto. Segundo o coordenador do setor de transportes da Secretaria Municipal de Saúde de Carmo do Paranaíba, Franklin José da Costa, a secretaria possui apenas duas ambulâncias e uma está em reforma. “Nos dois primeiros dias de interdição a movimentação de casos de urgência foi pequena, mas, se o fluxo aumentar os cidadãos podem ser prejudicados”, afirmou.
RECURSO. Representantes do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (Dnit) se reuniram ontem, em Brasília, para discutir soluções imediatas para a Rodovia do Milho, que liga a BR-262 à cidade de Patos de Minas, até o começo das obras de recapeamento da pista. O órgão executor da política de transportes decidiu protocolar recurso no Tribunal Regional Federal pedindo a suspensão imediata da interdição.
Enquanto isso, a autarquia vinculada ao Ministério dos Transportes espera o resultado de uma licitação para o início da operação tapa-buracos. Entretanto, somente no fim do mês deve ser divulgado o nome da empresa vencedora, o que obrigaria a se manter a via fechada até lá. Em caso de desacato à ordem da Justiça Federal, o Dnit se responsabiliza em arcar multa diária no valor de R$ 10 mil.
Os motoristas que precisam passar pela rodovia para ir para Belo Horizonte têm como opção seguir em direção a Patrocínio e pegar a MG-230 até chegar na BR-262. O que aumenta o percurso de 137 para 231 quilômetros.