Robusta deve subir 20% até março com queda da produção brasileira
MUMBAI – Os preços do café robusta, que devem sofrer em 2008 seu primeiro ano de queda do último período de cinco anos, vão, ao que tudo indica, subir cerca de 20% até março, com a recomposição de estoques por parte das torrefadoras e as quedas da produção do Brasil, o segundo maior produtor mundial da variedade. Os preços deverão subir até US$ 400 a tonelada em relação aos níveis atuais, segundo G.V. Krishna Rau, presidente do Conselho do Café da Índia, um órgão estatal, em entrevista por telefone a partir de Bangalore. A Índia é a quarta maior produtora mundial de café Robusta.
“A queda vertical pode levar as torrefadoras a reconstituir estoques”, disse Rau. A alta dos preços provavelmente aumentará os custos da Nestlé, maior processadora mundial de café, e da Kraft Foods, segundo ele.
O robusta, caracterizado por um sabor mais amargo e empregado na produção de café solúvel, teve no mês passado sua maior queda do último período de oito anos, pressionado pelo receio de que a desaceleração do crescimento mundial vá desaquecer a demanda. A produção brasileira de café deverá recuar no ano que vem, quando o país atravessa o ano de baixa do ciclo da planta, normalmente de dois anos, após colher safras maiores por dois períodos anuais consecutivos.
“Acho que os preços não poderão cair mais”, disse Rau, que também é presidente o conselho executivo da Organização Internacional do Café (OIC). “Eles talvez até não sejam muito bons, mas deverão voltar aos níveis em que estavam três meses atrás.”
A safra total de café brasileira, abarcando tanto o Robusta quanto o do tipo Arábica, deverá cair para 40 a 42 milhões de sacas, em relação aos 45 milhões de sacas deste ano, segundo o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil. Uma saca pesa 60 quilos. Isso deverá causar um déficit de oferta de até 10 milhões de sacas no ano que vem, comparativamente ao excedente atual, disse Juan Lucas Restrepo, diretor comercial da Federal Nacional de Produtores de Café da Colômbia, no último dia 20 de outubro.
O Brasil, maior produtor mundial de café, cultiva principalmente a variedade arábica, de gosto mais suave. O Vietnã é o maior fornecedor do robusta.
Bloomberg