Rio planeja crescer na exportação de café

Por: VALOR ECONÔMICO - SP

11/01/2010 


Portos: Estado foi responsável por apenas 1 milhão de sacas do produto exportado no ano passado, 3,9% do total


O Rio de Janeiro, que já foi um tradicional exportador de café, quer voltar aos bons tempos posicionando-se entre os principais portos do país para embarque da commodity. Os terminais de contêineres Sepetiba Tecon, da CSN, no porto de Itaguaí (RJ); e o Terminal 1, da Libra, no Rio, criaram estruturas dedicadas para atender as exportações de café. As duas empresas continuam a investir para criar diferenciais e atrair os exportadores. Os dois portos têm vantagens de custos para operar com café.


O Sepetiba Tecon dispõe de dados de que exportar café por Itaguaí é 31% mais barato do que por Santos, considerando uma série de itens. A investida dos terminais de contêineres fluminenses na exportação de café busca ganhar espaço em um segmento que é dominado por Santos, líder absoluto na exportação da commodity, e também por Vitória (ES), que tem tradição na exportação de café e cujos volumes de embarque do produto são bem superiores ao dos portos do Rio.


Em 2009, Santos exportou 19,8 milhões de sacas (de 60 quilos cada uma) de café verde. O volume representou cerca de 73% da exportação total de café verde feita pelos portos brasileiros no ano passado, de 27,1 milhões de sacas. O número exclui as exportações feitas por caminhão, sobretudo para o Mercosul, e via aérea. Já Vitória exportou 4,1 milhões de sacas (15,4% do total), Itaguaí ficou com 1,6 milhão de sacas (6,1%) e o Rio com 1 milhão (3,9%).


O Sepetiba Tecon tenta viabilizar o transporte de café da região produtora do Sul de Minas Gerais até Itaguaí via ferrovia. A Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), controlada pela Vale, trabalha no projeto, mas não quis comentar detalhes. A operação depende do transbordo do produto no município de Barra Mansa (RJ) para a malha da MRS Logística, que chega até o porto de Itaguaí. Há quem considere que o transbordo tira a atratividade da operação pois aumenta o custo e o tempo da viagem.


O uso da ferrovia é mais uma medida para tornar Itaguaí mais atrativo para os exportadores de café do Sul de Minas. Em novembro, o Sepetiba Tecon realizou um evento em Varginha (MG) em parceria com o Centro do Comércio de Café do Rio de Janeiro, presidido por Guilherme Braga. O Sul de Minas escoa o café majoritariamente por Santos via caminhão. Braga diz que o deslocamento de um maior volume de café para o Estado do Rio depende, além dos custos portuários, de outros fatores como a frequência das escalas dos navios. Também pesa a preferência do importador, que contrata o frete com a empresa de navegação. “A alternativa da ferrovia pode tornar o porto (de Itaguaí) mais atraente”, diz Braga.


José Eduardo Bechara, diretor comercial e marketing da Libra Terminais, diz que o Rio tem menores tarifas para operação portuária, mas reconhece que é preciso considerar certas desvantagens como a disponibilidade de contêineres aptos a carregar café. Segundo ele, o café tem que ser armazenado, seja a granel ou em sacas, em contêineres “padrão alimento”, que não alterem o sabor e o aroma do produto.


Bechara diz que a empresa tem previsão de crescer 20% nos embarques de café pelo terminal do Rio este ano. “O Rio terá de criar diferencial para atrair os exportadores. É nisso que estamos trabalhando”, afirma. A empresa instalou equipamentos para estufagem de café em contêineres e agora investe em sistema de informação para que o exportador possa acompanhar o produto em tempo real.


Jorge Freitas, diretor comercial do Sepetiba Tecon, estima que o volume de café movimentado pela empresa em 2010 deva crescer 70% em relação a 2009. Segundo Freitas, a participação do café na movimentação do terminal vem evoluindo. Em 2007, o café representou 9% do volume movimentando pelo Sepetiba Tecon. O percentual subiu para 12% em 2008 e atingiu 14% em 2009.


O executivo do Tecon disse que o terminal tem uma estrutura dedicada à commodity, com equipe exclusiva para as operações de estufagem e possibilidade de blendagem de café de até três origens. Ele disse ainda que existe possibilidade de operar na exportação de café pelo terminal 24 horas por dia, com exceção dos domingos. E acrescentou que o terminal dá 12 dias livre de custo, ante sete dias de média no Brasil, para depósito do contêiner no terminal.

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