Revolução paulista

Por: 13/07/2009 08:07:40 - Jornal de Jundiaí


RUI CARLOS


No pátio de uma obra, na área central de Jundiaí, estátua entra no clima da produção


Nove de Julho, comemorada na última quinta-feira, é a data mais importante da história de São Paulo. Ela representa a revolução constitucionalista de 1932. Desde 1930 a vida em São Paulo estava exaltada pela instauração da ditadura civilista liderada por Getúlio Vargas. Não é uma revolução surgida do povo. Ela nasceu e morreu nas mãos da elite cafeeira do Estado, depauperada pela quebra de 1929 dos ativos financeiros existentes em Nova York e Londres.


Os paulistas, sob a liderança de Júlio de Mesquita, estavam aborrecidos com a crise econômica e também pelo fato de não terem conseguido que o seu candidato, Júlio Prestes, assumisse a presidência da República. Havia em São Paulo muita frustração. Em fevereiro de 1932 houve uma tentativa de levante dos paulistas. No dia 28 de maio morreram em confronto com forças policiais alguns estudantes. Surge o movimento M.M.D.C em homenagem a eles.  No dia 9 de julho a rebelião contra o governo central é anunciada oficialmente. Nos primeiros embates, São Paulo parece conquistar terreno.


De Jundiaí saem vários contingentes de rapazes garbosos com seus uniformes, botas, cantis, fuzis, bonés. As cinco ferrovias que partem de Jundiaí são colocadas a serviço da revolução. O trem blindado sai das oficinas da Paulista. Bandas de música acompanham os soldados na plataforma da estação ferroviária. Há apitos de trens e das fábricas. Quando voltam semanas depois, estão maltrapilhos, com fome, quase todos perderam os fuzis e com medo da grande  perseguição das forças federais. Assim que descem na estação, desaparecem.


A revolução de 1932 deixou 830 mortos, quase todos civis. Os paulistas perderam no terreno militar, mas ganharam a constituição tão sonhada e causa principal do movimento. Vista hoje através da história, parece um movimento feito pelo açodamento dos espíritos insatisfeitos com o andamento da política, mas teve como epicentro as causas econômicas, geradas principalmente pela falência da maioria dos fazendeiros do café.


 


Geraldo Gomes Gattolini é jornalista, escritor e pesquisador. E-mail: gattolini@uol.com.br
 

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