O ano de 2016 foi difícil na economia brasileira, que “andou para trás”, com crescimento negativo do PIB (Produto Interno Bruto).
(Foto: Oscar Herculano
Jr./EPTV)
Porto Alegre, 23 de dezembro de 2016 –E a tensão política interna ganhou ares
de “guerra civil”, como destaca o analista de SAFRAS & Mercado, Gil
Barabach. Para ele, em um ano em que não houve ganhadores, o mercado de café
chegou a surpreender positivamente. Não no caso do conilon, “porque de nada
adianta ter preço recorde se não tiver produto para vender”, indicou,
referindo-se à grande quebra de safra desse café no país.
O resultado
positivo veio do arábica, onde a safra cresceu no Brasil esse ano. O arábica na
Bolsa de Nova York (ICE Futures), que no primeiro trimestre do ano chegou a ser
negociado a 111,50 cents, acabou subindo e atingiu pico acima de 175 centavos,
no início de novembro. “E, mesmo depois da correção, ainda sustenta uma boa
vantagem em relação ao inicio do ano, confirmando a ideia de preço mais firme”,
comenta. Entretanto, o mercado flerta rumo ao final do ano com a linha de US$
1,40 a libra-peso, por conta das indicações de bom fluxo de exportações do
Brasil e chegada da oferta de outras origens.
O mercado físico interno,
além da ICE, também encontrou apoio no dólar. E, em novembro, com cotação do
arábica duro com 15% de catação atingindo entre R$ 575,00 a R$ 580,00 no Sul de
Minas, atingiu seu melhor momento em 2016. “Foi um ano de grande volatilidade
nas cotações. E, por isso, de boas oportunidades aos vendedores, especialmente
aqueles que souberam dosar suas posições de venda. Para esses produtores, o ano
comercial foi positivo, apesar de todas as noticias ruins”, comentou Barabach.
Perspectiva 2017
A safra brasileira de café 2016 terminou o ano
melhor que o esperado. Segundo Barabach, é fato que os números de conilon vem
sendo revisados para baixo, mas a alta do arábica compensa com folga essa queda.
“Por isso, em linhas gerais, o Brasil produziu mais café do que era projetado
inicialmente, o que alivia o tom de aperto e, por extensão, suaviza o potencial
de alta dos preços para o começo de 2017”, comenta.
Para o analista, em
termos gerais, o ano de 2017 tende a ser de preços sustentados. O mercado deve
buscar consolidar o movimento errático de alta em 2016. “Só para lembrar, a
posição do arábica na ICE em NY foi de 111 a 175 cents, para fechar o ano
próximo de 140 cents”, indicou.
Mas, em meio à consolidação, o mercado
deve ficar sujeito a oscilações, acredita o analista, por conta de temores
climáticos ou por uma postura mais agressiva de algum comprador mais curto de
alguma descrição, especialmente no físico interno.
E o mercado deve se
voltar cada vez para a próxima safra brasileira, diz o analista. “Se espera uma
produção ligeiramente melhor no conilon e bem menor no arábica, o que deve
resultar em uma safra brasileira de 2017 menor que 2016. E isso deve ajudar o
mercado a consolidar a mudança de patamar para cima nos preços, iniciada em
2016”, aponta.
Já o dólar busca acomodação, dentro de uma linha de leve
avanço, estima o analista. A gestão de Trump nos EUA e crise política interna
seguem no radar.
“Para o café, talvez, seja um ano com menos
oportunidades, uma vez que tanto o câmbio como a ICE sinalizam amadurecimento em
suas curvas. Mas, não por isso, será um ano ruim para o produtor. E, atenção,
pois as ideias atuais para safra nova ainda são bem convidativas, o que sustenta
perspectivas positivas para os produtores em 2017”, conclui o analista.
Há de se destacar reiterar como fato importante a escassez na oferta de
conilon, que tem gerado grande debate sobre a liberação de importações do
robusta vietnamita, frente às dificuldades que a indústria do torrado e moído e
do solúvel. Um consenso está longe de ser formado na cadeia café, com a
indústria pressionando pela liberação das importações e com os produtores
resistindo, contrários às compras externas.