Produtores de grãos vêem retomada só em 2007/08
Otávio Zanetti nasceu e viveu sob a sombra dos cafezais até os 76 anos. Em 2001, a crise mundial nos preços do café levou o produtor de Cravinhos (SP) a desistir da atividade. “Plantava 55 mil pés de café e desisti da atividade quando a saca, que custava US$ 115, caiu para US$ 35. Quem vai produzir sabendo que terá prejuízo?”, questiona.
Aos 81 anos, Zanetti trocou a atividade agrícola pelo arrendamento de terras. Os 120 hectares que utilizava para plantava os cafezais atualmente são arrendados a produtores de cana-de-açúcar. Carlos Amorim produz laranja, café, grãos e gado em seis fazendas em Minas Gerais e São Paulo. Ele também arrenda parte da área para a produção de cana-de-açúcar.
Dos segmentos em que atua como produtor, apenas um gera rentabilidade positiva: o café. “Tenho 400 mil pés de café e pretendia plantar outros 200 mil, mas não faço porque não confio no cenário futuro para o setor agrícola”. Ele observa ainda que grãos e pecuária têm os piores resultados em termos de receita.
E a laranja, que no mercado externo apresenta preços em alta, custa ao produtor R$ 12 por caixa de 40,8 quilos. Mas as indústrias – que mantêm contratos de longo prazo com produtores – pagam US$ 3 por caixa.