Titulares da BSCA, Abic, Abics, CNA, CNC e da Sistema OCB-Sescoop/ES formaram um colegiado para debater sobre a estruturação de políticas estratégicas de pequeno, médio e longo prazos. A criação do conselho consultivo resultou do seminário “Rumos da Política Cafeeira no Brasil”, realizado, em dezembro de 2013, pelo Conselho Nacional do Café (CNC) em parceria com a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB).
Segundo o CNC, esses representantes da cadeia produtiva do café terão a incumbência de definir os próximos passos a serem adotados para a cafeicultura brasileira e o primeiro ponto será a definição de uma empresa de consultoria e de um coordenador para avaliação prévia (viabilidade e factibilidade), definição e elaboração de quais projetos deverão ser implementados, que foquem em uma estratégia de “ganha-ganha”, gerando sustentabilidade ambiental, social e econômica a todos os elos do setor.
O encontro ocorreu semana passada, na sede da OCB, quando o setor privado da cafeicultura brasileira e o Governo Federal voltaram a se reunir. Os componentes serão Vanusia Nogueira, diretora executiva da BSCA; Américo Sato, presidente da Abic; Roberto Paulo, diretor executivo da Abics; Breno Mesquita, presidente da Comissão Nacional do Café da CNA; Guilherme Braga, diretor geral do CeCafé; Silas Brasileiro, presidente executivo do CNC; e Esthério Colnago, presidente do Sistema OCB-Sescoop/ES.
Outros tópicos também foram abordados no Balanço Semanal do CNC 07 a 11/04/2014, escrito por Silas Brasileiro, presidente executivo do CNC. São eles:
CUSTOS DE PRODUÇÃO — O CNC iniciou, também nesta semana, contatos com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para tratar da questão dos custos de produção dos cafés arábica e robusta nas mais diversas áreas produtoras do Brasil. A intenção é chegarmos a um número que seja condizente com a realidade do campo e que sirva de embasamento para a definição de um preço mínimo justo para a atividade.
ESTOQUE GOVERNAMENTAL — Outra matéria que o Conselho Nacional do Café iniciou os trâmites nesta semana foi relacionada ao volume de café armazenado pelo Governo Federal. Em contato com os Ministérios da Fazenda e da Agricultura, seguindo orientação das lideranças do setor produtivo, sugerimos que os governantes façam uso dos estoques públicos como reguladores de preço, evitando grandes volatilidades e, consequentemente, perdas acentuadas a produtores, exportadores e industriais.
A intenção é encontrarmos um “valor ideal” para a saca de café e que possamos mantê-lo o máximo, fazendo com que os produtores tenham uma remuneração justa, que os exportadores não tenham os embarques afetados, que os industriais não sofram comprometimento no abastecimento e, principalmente, que os consumidores finais não sejam punidos com elevados reajustes no preço da bebida.
SAFRA 2014 — Com o conhecimento das perdas reais que a safra 2014 de café no Brasil terá, conforme resultado de estudo encomendado pelo CNC junto à Fundação Procafé, nos deparamos, agora, com novas especulações. Inicialmente, faz-se necessário destacar o trabalho da instituição e reiterar que as perdas serão, de fato, do tamanho previsto, com o volume a ser colhido situando-se entre 40,1 milhões e 43,3 milhões de sacas no total.
A respeito de algumas situações sobre colheita precoce e cafés mal granados, reiteramos que esses já foram contabilizados na pesquisa que contratamos e que não devemos especular sobre isso, haja vista que teremos mais incertezas emergindo e, por conseguinte, mais especulação no mercado. E, como é de conhecimento, as especulações tendem a prejudicar apenas os cafeicultores e não os demais players.
Além disso, reiteramos nossa postura citada em boletins anteriores de que, como entidade representante de classe, temos o compromisso com a realidade total de nossa cafeicultura e jamais utilizaremos situações pontuais e regionais para traçarmos prognósticos ao todo. Dessa forma, definitivamente elucidamos que a safra 2014 de café no Brasil não fugirá ao intervalo apontado pelo levantamento da Procafé.
ESTRADOS DE MADEIRA — Em maio de 2012, o Conselho Nacional do Café e a Comissão Nacional do Café da CNA iniciaram uma série de tratativas junto ao Governo Federal para retirar a obrigatoriedade do estrado de madeira nos armazéns com piso asfáltico ou de concreto impermeabilizado para o estoque de café, haja vista que se trata de um encarecimento desnecessário nos custos de produção ao cafeicultor.
Em junho do ano retrasado, nosso trabalho obteve êxito paliativo com a publicação da Resolução Bacen Nº 4.099. Uma das medidas do documento se referia ao armazenamento das sacas depositadas como garantia para os financiamentos de estocagem do Funcafé, que, desde aquela data, passou a ser feita sem a obrigatoriedade de estrados de madeira nos armazéns credenciados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Já no dia 3 de abril de 2014, conseguimos, de fato, a oficialização dessa medida. Em publicação no Diário Oficial da União (DOU), a Superintendência de Controladoria e Riscos (Sucor) da Conab informou que, no armazenamento de café, excepcionalmente será permitido o empilhamento diretamente sobre piso impermeabilizado de concreto ou asfáltico com superfície regular, sem buracos, rachaduras ou material pontiagudos, mediante a utilização de lonas plásticas em bom estado de conservação e isentas de furos ou rasgos, excluindo, oficialmente, a obrigatoriedade dos estrados de madeira.
MERCADO — De segunda à quinta-feira, os preços futuros do café arábica apresentaram recuperação, fechando em alta por quatro sessões consecutivas. Ontem, o vencimento maio do contrato C da ICE Futures US encerrou a sessão a US$ 2,061 por libra-peso, acumulando valorização de 2.110 pontos na semana.
A ascensão do real ante o dólar e as perdas causadas pelo veranico que atingiu as origens brasileiras no primeiro bimestre do ano foram o principal motivo da elevação das cotações.
Além do estudo encomendado pelo CNC à Fundação Procafé, que prevê quebra de 14% na safra 2014/15, com intervalo de produção variando entre 40,1 e 43,3 milhões de sacas, outras consultorias e corretoras têm divulgado suas projeções, que colocam a oferta de café aquém dos níveis então precificados pelo mercado.
Na Liffe, os preços futuros do robusta também apresentaram tendência de valorização, com o vencimento maio do contrato 409 encerrando a quinta-feira a US$ 2.162 por tonelada, acumulando ganhos de US$ 77 na semana. O principal fator de alta é a preocupação com o aperto na oferta dessa variedade de café no curto prazo.
Além das perspectivas de redução da quantidade ofertada de café pela Indonésia, em função de problemas climáticos e aumento do consumo doméstico, a Índia também reduzirá sua participação no mercado, com queda prevista no volume produzido pela primeira vez em seis anos. Segundo a Associação dos Exportadores de Café da Índia, as vendas externas podem ser reduzidas em até 10% neste ano, em relação às 312.756 toneladas exportadas em 2013.
Outro fator de pressão altista no mercado do café robusta são as sucessivas quedas nos volumes estocados. Na primeira semana de abril, os estoques certificados monitorados pela Liffe apresentaram nova redução, de 20,3%, para 317,3 mil sacas.
No mercado brasileiro, o indicador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) para o arábica apresentou alta expressiva, de 11%, fechando ontem a R$ 463,25/sc. Para o indicador do conilon, a variação acumulada foi mais modesta, de 0,6%, sendo que o fechamento se deu a R$ 258,10/sc. Apesar dessa tendência, o ritmo dos negócios foi limitado pela valorização do real ante o dólar, de 1,8% desde o final da semana anterior.
A apreciação da moeda brasileira deveu-se principalmente à expectativa de entrada de divisas no país, em função dos juros mais elevados e das captações corporativas internacionais. Na quinta-feira, a moeda americana foi cotada a R$ 2,204, com leve alta após queda em quatro pregões consecutivos, pois investidores mostraram-se cautelosos quanto ao piso que o dólar pode atingir no Brasil.