09/03/2007: “Consumo interno de café chega a 16,33 milhões de sacas”
Os brasileiros são mesmo apaixonados por café, bebida consumida por 94% da população e segunda colocada no ranking de preferência nacional, perdendo apenas para a água. Por isso, mesmo com a retração das vendas ocorrida no varejo principalmente no primeiro semestre de 2006, e o fraco desempenho da economia naquele período, o consumo de café voltou a crescer no mercado interno.
Levantamento realizado pela Área de Pesquisa da ABIC – Associação Brasileira da Indústria de Café mostra que, no período compreendido entre Novembro/2005 e Outubro/2006, foram consumidas 16,33 milhões de sacas, o que representa um aumento na demanda da ordem de 5,10% em relação a Novembro/2004 e Outu-bro/2005, quando o volume apurado havia sido de 15,53 milhões de sacas.
Desde 2003, o consumo de café no Brasil evoluiu 19,2%, indo de 13,7 milhões para os atuais 16,33 milhões de sacas. No mundo, segundo dados da Organização Internacional do Café (OIC), o crescimento nesse período ficou em 1,5% ao ano, na média. “O mercado brasileiro ganha cada vez mais destaque, e já representa 14% da demanda mundial”, comemora Guivan Bueno, presidente da ABIC. “Os 16,33 milhões de sacas representam mais de 50% do consumo interno de todos os 57 países produtores de café, que é estimado pela OIC em 31 milhões de sacas/ano”.
Razões do aumento do consumo
Pesquisa anual realizada desde 2003 pela InterSciense sobre “Tendências de Consumo de Café no Brasil”, mostra que se manteve em 2006 a tendência de crescimento do consumo em todas as classes sociais e faixas etária, com certa estabilidade apenas no segmento mais jovem (15 a 19 anos). Mostrou também que as pessoas estão consumindo mais xícaras de café por dia e que aumentou em 4% o consumo fora do lar (www.abic.com.br/estat_pesquisas.html), o que está relacionado com a melhor qualidade e com o aumento do segmento de cafeterias, a exemplo das redes estrangeiras que estão entrando no mercado.
Para Nathan Herszkowicz, diretor-executivo da ABIC, esse crescimento do mercado interno é resultado de um conjunto de fatores, a exemplo da melhoria contínua da qualidade do café oferecido aos consumidores, que foi ampliada com o PQC – Programa de Qualidade do Café, lançado pela entidade no final de 2004 e que, atualmente, já certifica mais de 160 marcas em todo o Brasil. Ele também cita como fatores a consolidação do mercado de cafés tipo Gourmet ou Especiais, di-ferenciados e de alta qualidade; e a melhora muito significativa da percepção do café quanto aos aspectos dos benefícios para a saúde, como resultado dos grandes investimentos no Programa Café e Saúde, que todo o agronegócio apóia.
Marketing e Promoção
De acordo com Herszkowicz, os investimentos em promoção e marketing têm sido fundamentais para assegurar o aumento do consumo de café. Em 2006, foram aplicados nessa área, com recursos do Funcafé – Fundo de Defesa da Cafeicultura, R$ 5 milhões, por meio do Programa Integrado de Marketing (PIM-2006), coordenado pelo DCAF – Departamento do Café, do Ministério da Agricultura. A esses recursos, somaram-se as contrapartidas privadas neste programa, em valor superior a R$ 2,0 milhões e o Fundo Especial de Marketing da ABIC, no valor de R$ 655 mil, constituído por contribuições extraordinárias dos seus associados torrefadores.
Para este ano, o PIM-2007 prevê a alocação de R$ 13 milhões para Publicidade e Promoção, sendo R$ 8 milhões para o mercado interno e R$ 5 milhões para promoção internacional. Já o Fundo da ABIC terá investimentos de R$ 965 mil, e estima-se que as empresas, em conjunto, invistam algo em torno de R$ 60 mi-lhões em marketing e promoção.
No mercado interno, será dada continuidade a ações que alavancam o crescimento do consumo, como o Programa Café e Saúde; apoio para os Concursos de Qualidade; veiculação de mensagens informativas e educativas sobre o café na mídia de massa, revistas, TV, cinemas e de um inédito programa de exposições itinerantes, sobre café, em shopping centers de todo o Brasil, bem como a partici-pação dos Cafés do Brasil no Pan Rio 2007. No exterior, os recursos serão aplicados em feiras, exposições, projetos compradores, road-shows, apoio às iniciativas no mercado asiático e, inclusive, uma preparação para ações durante as Olimpíadas na China em 2008.
Exportação de Café Industrializado
A exportação de café torrado/moído também apresentou um excelente desempenho, conforme acompanhamento feito pelo PSI – Programa Setorial Integrado realizado pela ABIC em convênio com a Agência de Promoção de Exportações e In-vestimentos – APEX Brasil.
O valor das vendas alcançou, em 2006, US$ 24,47 milhões contra US$ 16,69 milhões em 2005, isto representando um salto de 46%. Em relação a 2002, quando estes negócios efetivamente tiveram início, a evolução foi de 504%. “Os produtos brasileiros estão tendo maior sucesso em mercados e segmentos que demandam cafés de alta qualidade, e que pagam maior valor unitário”, diz Herszkowicz.
O preço médio do café exportado foi de US$ 4,55/kg em 2006 contra US$ 4,00/kg, em 2005 (14% de aumento). Para 2007, a previsão é que as exportações alcan-cem US$ 32 milhões, com os EUA figurando como maior mercado comprador e o Mercosul surgindo como boa opção de negócios (5% das vendas).