26 de Janeiro de 2009 – A taxa de câmbio compensou, com folga, a queda de preço recente das exportações brasileiras. Essa é a conclusão de estudo da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex) antecipado à Gazeta Mercantil. O trabalho mostra que, apesar da derrocada de preços do final de 2008, especialmente das commodities, a rentabilidade média das exportações cresceu 23,2% no ano passado. “A desvalorização do câmbio superou a queda de preços”, resume Fernando Ribeiro, economista-chefe da Funcex. Ele explica que, no último quadrimestre do ano passado, o índice de preço caiu 19% frente a agosto (pico histórico no quesito), ao passo que o câmbio médio valorizou 42% no mesmo período.
“Para efeito de comparação, a rentabilidade voltou aos níveis de 2004, época em que todo mundo dizia que o câmbio era extremamente favorável às exportações”, afirma Ribeiro. Ele relata que o índice de rentabilidade das vendas externas – que combina câmbio e preço de exportação – acelerou a partir de setembro, justamente com a desvalorização do real. Isoladamente, a rentabilidade de dezembro foi 9,7% superior à de julho, quando surgiram os primeiros indícios de crise nos Estados Unidos.
No cômputo de todo o ano de 2008 os preços de exportação aumentaram 26,3%, o que mostra que a desaceleração de 19% de agosto a dezembro foi mesmo muito forte. “Na ponta, os preços estão em queda livre”, comenta o economista.
O baque foi ainda maior entre os produtos básicos, cujos preços encolheram 29% a partir de agosto. “Em termos absolutos, entretanto, os básicos encerraram o ano com preços mais altos que os de dezembro de 2007. Teve uma bolha que puxou as cotações para níveis absolutamente altos e ela estourou com a crise”, analisa Ribeiro. Já entre os industrializados a redução, a partir de agosto, foi de 8%. “Apesar de moderada, é uma queda expressiva, porque ocorreu em um intervalo curto de tempo”, diz.
Segundo a Funcex, pela primeira vez em 13 anos o quantum de exportação fechou um ano no negativo. A redução anual, de 2,5%, foi puxada pelo último trimestre de 2008, que registrou, sozinho, retração de 8,7%.
Na importação, o ano passado terminou com um quantum 17,7% superior ao de dezembro de 2007. “É um crescimento representativo, mas poderia ter sido ainda maior, visto que o quantum tinha subido 22,4% até setembro”, diz o economista. Já o preço de importação caiu 13,7% entre setembro e dezembro, graças, principalmente, às baixas cotações do petróleo.