A debandada dos fundos de investimento dos mercados de commodities agrícolas para os títulos do tesouro americano poderá impactar a renda bruta do produtor brasileiro em 2009. Mesmo com o dólar em alta, o que ampliaria a renda em reais, é esperado um impacto negativo na renda em virtude da possibilidade de novos recuos das commodities. No caso da soja, principal produto das exportações agrícolas, o valor de US$ 425 pela tonelada no último pregão da Bolsa de Chicago (CBOT) é 14,8% menor que a média do primeiro semestre, quando o grão era cotado a US$ 499 a tonelada. Desde 1 de agosto, o dólar comercial teve uma valorização de 17,3% em relação ao real, saltando de R$ 1,56 para R$ 1,83 na sexta-feira, segundo dados do Centro de Informações da Gazeta Mercantil. No entanto, deve ser levado em consideração o fato de o Banco Central brasileiro ter vendido dólares no mercado, freando uma maior disparada. Especialistas dizem que a valorização ocorre porque investidores estão migrando para os títulos do tesouro americano em busca de segurança.
“Ainda não é possível dizer para onde vai o capital dos investidores, mas uma coisa é certa: não volta para as commodities agrícolas, que ainda têm espaço para recuar mais”, analisa Fábio Silveira, da RC Consultores. Ele acredita que a tendência é que migrem para países emergentes. Por causa disso, o consultor diz que, em 2009, os produtores deverão perder entre R$ 3,21 bilhões e R$ 4,81 bilhões na renda bruta, estimada em R$ 160 bilhões neste ano.