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03/04/2010
08h13
MÁRCIA DE CHIARA Agencia Estado
SÃO PAULO – A dobradinha cana de açúcar-café vai garantir o crescimento da renda agrícola neste ano e a volta da receita do campo ao nível pré-crise. Entre grãos, algodão, café, cana e laranja, os produtores devem embolsar R$ 175,5 bilhões em 2010 com a venda da safra, nas contas da RC Consultores.
Em 2009, a receita total foi de R$ 164,9 bilhões e, em 2008, de R$ 174,2 bilhões. Neste ano, a cana e o café, juntos, vão contribuir com R$ 10,1 bilhões para o crescimento da receita. A cifra praticamente equivale à perda da renda do campo que ocorreu em 2009 por causa da crise.
Ao contrário dos últimos anos em que os grãos, sustentados pela soja e o milho, foram os responsáveis pela expansão da receita agrícola, agora duas lavouras permanentes, a cana e o café, são as estrelas da safra.
Os preços da cana estão em alta por causa da redução da oferta de açúcar no mercado internacional. No caso do café, apesar da grande safra, os estoques mundiais estão baixos e o consumo crescente. Na soja, safras abundantes nos principais produtores derrubaram os preços.
\”O ano será mais favorável às lavouras permanentes\”, observa o sócio da consultoria e responsável pelas projeções, Fabio Silveira. Numa série iniciada em 1994, ele observa que o comportamento mais frequente da renda agrícola foi de expansão da receita com grãos e recuo das lavouras permanentes, aquelas que são plantadas uma única vez e colhidas durante muitos anos. Neste ano, o quadro se inverteu.
A renda projetada para a cana é de R$ 34,1 bilhões, com acréscimo de R$ 7,1 bilhões na comparação com 2009, segundo o estudo da consultoria, que considera dados de produção do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e preços no atacado pesquisados pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Para o café, a perspectiva é de que a receita atinja R$ 18,9 bilhões, com expansão de R$ 3 bilhões sobre a de 2009. Enquanto isso, as rendas da soja e do milho devem encolher R$ 2,3 bilhões e R$ 1,3 bilhão, respectivamente. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo
03/04/10
Puxada pelo bom desempenho das culturas de café e cana-de-açúcar, renda em 2010 deve ser R$ 10,1 bilhões superior à do ano passado 03 de abril de 2010
Márcia De Chiara – O Estado de S.Paulo
A dobradinha cana de açúcar-café vai garantir o crescimento da renda agrícola neste ano e a volta da receita do campo ao nível pré-crise. Entre grãos, algodão, café, cana e laranja, os produtores devem embolsar R$ 175,5 bilhões em 2010 com a venda da safra, nas contas da RC Consultores.
Em 2009, a receita total foi de R$ 164,9 bilhões e, em 2008, de R$ 174,2 bilhões. Neste ano, a cana e o café, juntos, vão contribuir com R$ 10,1bilhões para o crescimento da receita. A cifra praticamente equivale à perda da renda do campo que ocorreu em 2009 por causa da crise.
Ao contrário dos últimos anos em que os grãos, sustentados pela soja e o milho, foram os responsáveis pela expansão da receita agrícola, agora duas lavouras permanentes, a cana e o café, são as estrelas da safra.
Os preços da cana estão em alta por causa da redução da oferta de açúcar no mercado internacional. No caso café, apesar da grande safra, os estoques mundiais estão baixos e o consumo crescente. Na soja, safras abundantes nos principais produtores derrubaram os preços.
\”O ano será mais favorável às lavouras permanentes\”, observa o sócio da consultoria e responsável pelas projeções, Fabio Silveira. Numa série iniciada em 1994, ele observa que o comportamento mais frequente da renda agrícola foi de expansão da receita com grãos e recuo das lavouras permanentes, aquelas que são plantadas uma única vez e colhidas durante muitos anos. Neste ano, o quadro se inverteu.
A renda projetada para a cana é de R$ 34,1 bilhões, com acréscimo de R$ 7,1 bilhões na comparação com 2009, segundo o estudo da consultoria, que considera dados de produção do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e preços no atacado pesquisados pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Para o café, a perspectiva é de que a receita atinja R$ 18,9 bilhões, com expansão de R$ 3 bilhões sobre a de 2009. Enquanto isso, as rendas da soja e do milho devem encolher R$ 2,3 bilhões e R$ 1,3 bilhão, respectivamente.
Efeito no interior. A mudança no dinamismo da receita agrícola, da soja para a cana e o café, já tem impacto no comércio das cidades do interior. Em Ribeirão Preto, por exemplo, que fica no interior do Estado de São Paulo e é principal polo de produção de cana do País, o mercado imobiliário está a todo vapor.
\”Em dezembro, vendemos um loteamento de padrão médio com 310 terrenos em apenas oito horas\”, conta André Lopes, diretor comercial do Grupo WTB, incorporadora imobiliária. Em meados de março, a empresa lançou um loteamento de alto padrão com 180 terrenos que custam, em média, R$ 200 mil cada, e já vendeu 80% do estoque. Lopes conta que a maioria dos compradores está ligada direta ou indiretamente aos negócios do açúcar e do álcool. O produtor de cana André Zaccherini, de 37 anos, dos quais 15 no setor sucroalcooleiro, conta que comprou nos últimos seis meses meia dúzia de lotes urbanos. \”Vou construir num dos terrenos e os outros ficam para investimento.\” Ele ressalta que fazia tempo que a cana-de-açúcar não tinha um ano tão favorável.
Marco Mattar, presidente da construtora Trisul, é outro empresário que atesta o bom desempenho do mercado imobiliário da região. Ele conta que, no fim de 2008, lançou dois prédios de apartamentos de alto padrão, na faixa de R$ 500 mil. \”Na crise, as vendas pararam, mas agora, com o impulso dado pela boa fase da cana, está quase tudo vendido.\”
Luiz Feijó, diretor comercial da New Holland, fabricante de tratores, diz que, no curto prazo, o mercado para tratores destinados às lavouras de cana é o que registra maior acréscimo no volume de vendas. Werner Santos, diretor de vendas da John Deere, uma das maiores fabricantes de máquinas agrícolas, conta que o mercado ficou aquecido no primeiro bimestre deste ano.
Dados da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas (Abimaq) mostram que houve acréscimo de 28% no número de unidades vendidas em janeiro e fevereiro, na comparação com igual período de 2009. \”O setor sucroalcooleiro voltou a investir em máquinas\”, comemora.
Café. O comércio das cidades localizadas em polos produtores de café também está pegando carona no bom desempenho da lavoura. Em Varginha, por exemplo, município do sul de Minas Gerais, onde o café é pilar da economia local, concessionárias de veículos registram crescimento de vendas para produtores rurais, que já gastam por conta da safra que começa a ser colhida.
Na revenda Callis, da Volks, as vendas de utilitários, a maioria para produtores rurais, cresceram no primeiro trimestre quase 40% em relação a igual período de 2009 e 130% na comparação com os mesmos meses de 2008. \”Em um dia, vendi dois utilitários que foram pagos com dinheiro obtido por meio da Cédula do Produtor Rural (CPR) do Banco do Brasil\”, conta o consultor da revenda Eduardo Vitor da Silva.
Em Patrocínio, região de produção de café do cerrado mineiro, as lojas também se preparam para embolsar a renda da safra. Pesquisa da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) da cidade revela que os empresários do comércio vão ampliar, nos próximos meses, em 20% os estoques de mercadorias, principalmente de eletrodomésticos e eletrônicos. Além disso, pretendem contratar 300 trabalhadores temporários para atender a demanda.