Relatório preliminar indica baixo estoque de conilon no país

Com o equivalente a 70% dos armazéns de fazendas e cooperativas do Espírito Santo, sul da Bahia e de Rondônia pesquisados até agora, a Conab chegou a um volume de cerca de 1,7 milhão de sacas de café conilon em estoque.

13 de janeiro de 2017 | Sem comentários Comércio Mercado Interno
Por: Valor Econômico, por Cristiano Zaia

O Ministério da Agricultura apresentou ontem, em reunião com representantes da indústria de café e de produtores, relatório preliminar sobre o levantamento dos estoques privados de café conilon no país feito pela Conab. Com o equivalente a 70% dos armazéns de fazendas e cooperativas do Espírito Santo, sul da Bahia e de Rondônia pesquisados até agora, a Conab chegou a um volume de cerca de 1,7 milhão de sacas de café conilon em estoque.


O volume ao qual a Conab chegou é um indicativo de que há uma quantidade baixa de café conilon disponível no mercado para comercialização. O Valor apurou que o levantamento caminha para apontar um resultado final próximo às 2,5 milhões de sacas que a Conab havia estimado existir em dezembro.


A decisão de fazer um novo levantamento foi tomada depois que entidades de cafeicultores se opuseram ao pedido de indústrias torrefadoras e de café solúvel para importar café robusta do Vietnã para aliviar a escassez de oferta no mercado doméstico após a quebra da safra de conilon no Espírito Santo. Um levantamento capitaneado pelo deputado capixaba Evair Melo (PV), realizado em dezembro, indica que haveria entre 4 milhões e 5,5 milhões de sacas.


O secretário de Política Agrícola do ministério, Neri Geller, observou ontem, após a reunião, que 10 técnicos da Conab ainda estão a campo e devem concluir o levantamento amanhã. Ele voltará a se reunir com representantes da cadeia do café para revelar esses números na terça-feira.


“Essas 1,7 milhão de sacas estão sinalizando que a oferta está baixa. Se o estoque final levantado realmente ficar nesse patamar e concluirmos que falta produto, vamos voltar a recomendar as importações ao ministro”, disse Geller. “O grande problema que constatamos é que o consumo mensal está acima do que estamos levantando neste momento”, afirmou.


O secretário lembrou que havia uma expectativa dentro do governo de que a Câmara de Comércio Exterior (Camex), que autoriza as importações, realizasse ainda nesta semana sua primeira reunião do ano. Como a agenda foi adiada, o ministério ganhou mais tempo para finalizar o levantamento.


Em dezembro, o ministro Blairo Maggi recomendou à Camex que aprovasse o pedido de importação, mas recuou após as queixas dos cafeicultores e acabou decidindo pelo novo levantamento dos estoques de café.


O diretor de Relações Institucionais da Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics), Aguinaldo José de Lima, que esteve na reunião, disse que as indústrias não estão conseguindo fechar contratos com produtores por falta de café no mercado e que a importação é “inevitável”. “Se a Conab apontar algum número menor que 2,5 milhões de sacas, vamos continuar defendendo as importações, mas mesmo que haja estoques os produtores precisam vender”, afirmou. O consumo médio mensal da indústria de solúvel é de 350 mil sacas.


Após a reunião, representantes do Conselho Nacional do Café (CNC) e da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) reiteraram a oposição à importação de café. “Estou muito confiante de que produtores que estavam segurando café comecem a desovar seus estoques nesse começo de ano e que a Conab comprove sim que há produto disponível”, avaliou Evair Melo, que também integra o CNC.

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