Relatores da ONU alertam para privatização do setor do café no Burundi

Por: África 21 Digital

Burundi


Da Redação, com Rádio ONU 19/04/2013 08:00


Um estudo de dois especialistas independentes das Nações Unidas, divulgado quinta-feira (18), alerta para as implicações da privatização do setor do café no Burundi num processo que envolve o Banco Mundial.


Nova York – Um estudo de dois especialistas independentes das Nações Unidas, divulgado quinta-feira (18), alerta para as implicações da privatização do setor do café no Burundi num processo que envolve o Banco Mundial.


Os relatores sobre o Direito à Alimentação, Olivier de Schutter, e o da Dívida Externa e Direitos Humanos, Cephas Lumina, pediram a suspensão da política enquanto decorre uma avaliação exaustiva do impacto sobre os direitos humanos.


O setor do café representa 80% das receitas de exportação do país e o meio de subsistência de 55% da população. A nota indica que 750 mil famílias burundesas vivem a situação, sendo a maioria composta por pequenos agricultores.


Os relatores mencionam ainda que no país, tido como o terceiro mais pobre do mundo, “as receitas do produto fazem diferença entre a segurança alimentar e a fome para grande parte da população.”


Os relatores referem que o processo de reforma do setor pode pôr em risco a subsistência e alertaram para o que chamam “sinais preocupantes de que os interesses dos produtores de café foram excluídos do processo de reforma.”


Por outro lado, indicam que organizações de produtores mostram-se abertas à reforma do setor de uma forma que lhes permita aumentar a cadeia de valor. Menos de 5% do café do Burúndi foi processado no país em 2009, “com as operações de maior valor agregado a ocorrer no exterior.”


A recomendação é que haja uma reforma do setor que permita aumentar cooperativas de produtores pelo seu “potencial de aumentar a contribuição da produção para a redução da pobreza e o desenvolvimento rural.”


Para os relatores, os Estados não devem confundir as suas próprias prioridades com os das corporações. Aos atores institucionais, como o Banco Mundial, foi recomendado que apoiem às autoridades nas tentativas de reforma dos setores-chave da economia de forma que não exponha os agricultores e produtores vulneráveis às incertezas do mercado.


 

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