O panorama do cerrado mineiro transmite otimismo neste outono. Os cafezais são dominados por um verde saudável e ostentam frutos que logo movimentarão uma infinidade de fazendeiros, técnicos, colonos e bóias-frias para a colheita da safra de 2001/2002. A atividade no campo exige a constante presença humana, mas a modernização das lavouras tem contribuído para a ampliação da qualidade dos produtos e para o crescimento dos lucros. Nas colheitas de café, essa mudança pode ser observada na atualidade, em comparação com as últimas décadas, em que foi mantido o sistema de colheita manual. As máquinas já ocupam mais espaço e fazem a alegria de proprietários rurais e de líderes da cafeicultura.
O presidente do Conselho das Associações dos Cafeicultores do Cerrado (Caccer), Francisco Sérgio de Assis, defende a tese de que a mecanização das lavouras deve avançar, porém sem ampliar os problemas sociais do Triângulo Mineiro. “Temos de elogiar a postura do ministro da Agricultura, Marcus Vinicius Pratini de Moraes, quanto ao progresso conseguido pela agropecuária nos últimos anos no Brasil, mas os empresários também têm entrado com uma parcela básica.
Empregos – Mesmo com a mecanização das colheitas, a cafeicultura vem tendo postos de trabalho para muita gente que já vivia disso ou que perdeu emprego na indústria.” O próprio Assis, como produtor, tem ampliado a mecanização em suas três fazendas do Triângulo Mineiro.
O engenheiro agrônomo Koiti Hojo, da segunda geração de uma família que nos anos 70 trocou a região de Marília (SP) pelo cerrado de Minas, explica que, apesar dos obstáculos dos agricultores com financiamentos e outros problemas, vale a pena investir em máquinas. “É uma questão de defesa da qualidade. O café do cerrado já tem fama internacional e vai continuar melhorando ainda mais. Com um bom equipamento, temos melhores safras e melhores produtos”, analiza Hojo, cuja família tem fazendas em dois municípios do Triângulo – Iraí de Minas Monte Carmelo. Seu pai, Massayoshi Hojo, que migrou do Japão no início da década de 30, sempre viveu da agricultura e prefere manter uma vida simples. Em vez de comprar automóveis caros, a família Hojo investe em máquinas e em salários. Aos 79 anos, Massayoshi continua levantando cedo, em sua casa de Iraí, para coordenar o trabalho nas fazendas.
O vendedor Nivaldo Souza Ribeiro, de Araguari (MG), começou a vender colhedoras em 1991. Hoje em dia, ele comercializa dois tipos: a Jacto, que custa cerca de R$ 170 mil, e a Kovan, de R$ 300 mil. “Os dois sistemas são interessantes e podem ser usados de acordo com a área de cada cafezal”, conta Ribeiro. “As colhedoras representam rapidez e, na verdade, não dispensam mão-de-obra. As máquinas ajudam o homem no campo, assim como em outros setores de atividade da economia, e fazem parte da competitividade.” (L.C.R.)
Fonte: Suplemento Agrícola do Estado de S. Paulo
Autor: Agroclubes – Data: 15/4/2002 21:30:36