REGISTRO 2002: Café Brasileiro “tipo colombiano”
Na Europa e nos Estados Unidos, a Colômbia ainda tem fama de produzir café de qualidade melhor que o Brasil, mas essa tese deverá ser derrubada nos próximos anos, segundo fazendeiros do Triângulo Mineiro. Além do investimento em mecanização de colheita, em irrigação e em gerenciamento das propriedades rurais, os agricultores estão adotando modernas técnicas. Esse é o caso do sistema cereja descascado, que consiste em alterar a colheita do café, dando prioridade à retirada dos grãos já maduros (cereja), que passam por uma fórmula especial de tratamento da polpa e secagem.
“A Colômbia e alguns países da América Central põem em prática esse sistema há muito tempo”, explica o fazendeiro Sérgio Segantini Bronzi, que tem terras em Araguari. “Para isso, devem ser adaptadas as máquinas colhedoras, para que o equipamento retire dos cafezais, inicialmente, os grãos vermelhos, deixando ainda nos pés todos os frutos verdes, a serem aproveitados mais tarde. O cereja descascado é ótimo.”
Bronzi, agrônomo, é paulista de Altinópolis, na região de Ribeirão Preto, e teve terras com seu pai, Isidoro Bronzi, em Nova Esperança, no norte do Paraná, quando aquela região era um grande pólo produtor de café. “Meu pai ficou aborrecido com os prejuízos sofridos com geadas e veio para o cerrado mineiro há 30 anos, tornando-se um dos pioneiros na instalação de lavouras de café em terras antes consideradas improdutivas. Ele dizia que acertou o grande lance, num grande momento da vida, e que, se tivesse errado, perderia até a família.”
O heroísmo de pioneiros como Isidoro Bronzi deve ser acompanhado por planejamento e administração, recomenda o consultor Carlos Brando, que fez uma das palestras mais concorridas da Fenicafé de Araguari. “No Brasil, o café teve várias etapas, cada uma em regiões diferentes e com determinados estilos”, diz. “Hoje em dia, o cerrado mineiro é uma potência e vive da modernização, em busca de uma qualidade ainda maior. Qualidade significa conquista de mercado.” (L.C.R.)
Fonte: Suplemento Agrícola do Estado de S. Paulo
Autor: Agroclubes – Data: 15/4/2002 21:28:27