Regiões produtoras de café no Brasil

12 de dezembro de 2005 | Sem comentários Origens Cafeeiras Produção
Por: Basilio

Por
Beatriz Marques  
Agradecimentos: Isabela
Raposeiras  
   







Nesta segunda reportagem sobre cafés especiais, conheça as
principais regiões produtoras e saiba como a saca destes cafés é valorizada no
mercado internacional






Regiões produtoras
O Brasil é rico em variedade de
cafés, graças ao cultivo distribuído ao longo de todo o país. A área
disponibilizada pelo cultivo é de 2,4 milhões de hectares, sendo 74% deles
ocupado pela variedade arábica.

As principais regiões produtoras
de café no país são:
Mogiana Paulista (Nordeste de São Paulo), Sul de
Minas, Cerrado de Minas, Matas de Minas, Bahia, Paraná, Espírito Santo e
Rondônia. Somente o estado de Minas Gerais é responsável por 53% da produção
nacional.


Os cafés de grande
qualidade concentram-se no Sul de Minas, Cerrado de Minas e Mogiana
Paulista
– os cafés destas 3 regiões formam um dos mais conhecidos
blends nacionais. Segundo a barista Isabela Raposeiras, “é uma combinação que
não tem erro”.


Mogiana paulista
Ao Norte do estado de São
Paulo, a Mogiana é tradicional no cultivo de café: há mais de de 200 anos.
Produtora do arábica, em solo arenoso com altitude entre 900 e 1000 m, é
conhecida pelos cafés com bastante corpo e aroma, além de doçura
natural.


Sul de
Minas

O Sul
de Minas é a maior região produtora de café do país, e a fruta, responsável por
70% da renda agrícola da região. Mas somente 15% das propriedades são utilizadas
para o cultivo de café. O arábica é plantado numa altitude entre 850 m e 1.250 m
e, assim como a Mogiana Paulista, tem bastante corpo e aroma, doçura
característica e pouca acidez.


Cerrado de Minas
Com altitudes entre 800 m e
1.000 m, o Cerrado de Minas conta com estações bem definidas, o que favorece o
cultivo de cafés equilibrados em corpo e acidez. Com cerca de
4.300 fazendas de café em uma área de 135 mil hectares, a produtividade média é
de 24 sacas/hectare.


Matas
de Minas

Localizada ao leste no estado de Minas Gerais, possui uma topografia
acidentada (de 400 m a 1.100 m de altitude) e grande parte das fazendas
encontram-se na faixa de 700 m. A região produz café do tipo arábica e responde
por 70% da renda rural. Atualmente, muitos produtores estão investindo no café
cultivado em altas altitudes, processando-o da forma correta e ganhando status
no mercado de especiais. Segundo Raposeiras, este café “é muito
encorpado, muito doce, alguns com acidez acentuada, mas equilibrada
. É
um café completo, que reúne várias características”.


Bahia
A produção de café é recente, se
comparada a outras regiões cafeeiras brasileiras: surgiu na década de 70. Com
103 mil hectares de plantio, a região tem altitude média de 850 m, que garante
melhor qualidade de café arábica (a altitude adequada é acima de 800 m). Os
invernos secos e a proximidade com o Equador favorecem a produção de
cafés aromáticos.


Paraná
A produção de café no Paraná disparou na década de 50 e foi
responsável pelo surgimento de cidades como Londrina e Maringá. Dividida entre
Arenito Caiuá e Norte Pioneiro, a região conta com altitudes entre 350 e 900 m.
Uma prática comum no Paraná é a colheita seletiva:
primeiramente, são colhidos somente os frutos maduros e, mais tarde, repete-se a
colheita para pegar os novos amadurecidos. Aumenta o custo, mas a qualidade do
café é maior.


Espírito Santo
A região cafeeira do Espírito
Santo começou com a produção de arábica, mas hoje em dia o robusta é o
carro-chefe. Segundo o Centro de Desenvolvimento Tecnológico do Café (CETCAF), a
safra de 2003 rendeu 5.820.000 sacas de robusta e 1.440.000 de arábica. É o
segundo maior produtor de café nacional, com cerca de 25% da produção.
Os melhores cafés estão na área denominada “cafés de montanhas do
Espírito Santo”.


Concurso de especiais
A qualidade dos cafés
especiais brasileiros é colocada à prova em um concurso anual, o Cup of
Excellence. Organizado pela Alliance for Coffee Excellence, com apoio da BSCA,
da Specialty Coffee Association of America (SCAA) e da Speciality Coffee
Association of Europe (SCAE), o Cup of Excellence avalia diversos lotes
de cafés, que passam por uma análise exclusiva da qualidade
, sem que se
questione a procedência deles.


Os vencedores são aqueles
que obtiverem mais de 80 pontos durante as provas feitas pelos júris nacional e
internacional, e ganham acesso ao leilão internacional pela internet. Para se
ter uma idéia, no último Cup of Excellence (2003), 973 lotes participaram do
concurso e 43 ganharam, sendo que 8 deles conseguiram notas acima de 90 pontos.
Em 2003, o campeão do concurso foi o produtor Carlos Sérgio Sanglard (Araponga,
Matas de Minas) e seu lote foi leiloado a US$1.342,60 a saca. A empresa japonesa
Maruyama Coffee arrematou 39 sacas ao preço de US$ 52.361,45. Para se
ter uma idéia da valorização do produto que ganha o concurso, ele pode ter
aumento de 1.000%
, já que o preço normal da saca de café especial é de
US$ 100.


Esse alto valor destinado à
compra dos nossos cafés tem explicação. O Brasil conta com uma imensa variedade
da frutinha, graças à grande extensão territorial, e oferece cafés beneficiados
de várias maneiras. Além disso, investimentos tecnológicos têm contribuído para
o aumento da qualidade da produção. Por ser um café forte, o grão brasileiro
torna-se quase que indispensável na composição do blend (mistura de diferentes
grãos) , pois é responsável pelo corpo da bebida. O espresso da marca
italiana Illycaffè, por exemplo, conta com 60% de café
brasileiro
.


Agora só falta o mercado
nacional valorizar nossos cafés de qualidade, principalmente os especiais, e não
deixar que todos eles atravessem a fronteira.
Nosso paladar agradece!


Publicado em:
05/08/04


 

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