Num caso que se tornou emblemático no Ceará, o vereador de Juazeiro do Norte, Eraldo Oliveira Costa (PDT), denunciou, no dia 3 de agosto de 1998, que trabalhadores do município estariam vivendo em ”regime de semi-escravidão” em Minas Gerais. Em pronunciamento na tribuna da Câmara Municipal, ele denunciou que dezenas de camponeses foram contratados para trabalhar nas fazendas Antônia e Chapada do Morro, ambas em Minas Gerais. À época, segundo acusou o parlamentar, os camponeses cearenses teriam sido contratados recebendo pagamento de passagens e R$ 2,00 referentes a cada saca de café colhida. O pedetista apontou que nem mesmo a oferta se concretizou, pois o valor prometido se reduziu a R$ 1,90 por colheita de cada saca de café. Após intensa repercussão do caso – até mesmo fora do Ceará -, no dia 10 de agosto daquele ano, 35 homens que prestaram serviço nos cafezais mineiros retornaram a Juazeiro do Norte. Autor da denúncia original, um dos cearenses levados a Minas Gerais, Cícero Kennedy dos Santos, conhecido como ”Cicinho do Horto”, disse que foi obrigado até mesmo a trabalhar aos domingos. Depois de ouvir depoimentos dos trabalhadores, o promotor de Justiça e coordenador regional do Decom, Francisco Braga Montenegro Netto, anunciou que manteria contatos com o Ministério Público para investigar se os cearenses trabalhavam como escravos na fazenda mineira. (Salomão de Castro) |