Região Sul é a mais cara

Por: Estado de Minas








Uso antigo das
áreas rurais, próximas de centros consumidores, valoriza
terrenos
Sob pressão da
crise de liquidez no campo, os preços da terra caíram em 2005 no Mato Grosso,
Mato Grosso do Sul, Goiás, Paraná e no Rio Grande do Sul. Segundo estudo do
Instituto FNP, o preço médio dos imóveis rurais no Brasil, em dezembro, estava
2% mais baixo na comparação com o mesmo período de 2004. A desvalorização
alcançou 50% em algumas regiões do Centro-Oeste do país e chegou a 25% no Sul,
onde estão as áreas mais caras: no último bimestre, o hectare valia R$ 26.532. O
Sudeste ficou dentro da média nacional e mostrou um comércio mais dinâmico nos
últimos 12 meses. Essa característica de valor no Sudeste e no Sul é explicada
pelo uso antigo das áreas rurais nessas regiões, próximas de grandes centros
consumidores e com extensões menores. Em Minas, a região Sul também é que mais
se valorizou.

A perda de valor da terra para uso agropecuário no ano
passado refletiu, principalmente, a execução dos contratos firmados da safra
2004/2005 que não foram cumpridos ou renegociados com os fornecedores, avalia o
engenheiro agrônomo Pablo Paulino Lopes, do Instituto FNP. Bancos dispostos a
saldar dívidas de custeio executaram produtores que já conviviam com orçamento
apertado.

Tanto as fazendas do algodão quanto de soja, café e cacau sofreram também com a
valorização do real frente o dólar e um volume menor de crédito agrícola. O
efeito negativo do câmbio é destacado pelo cafeicultor Jorge Moreira Marra,
presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Patrocínio, que abriga áreas de
café, leite, soja e milho na
região mineira do Alto Paranaíba. “O dólar desvalorizou entre o plantio e a
colheita, descapitalizando o produtor em plena safra. Agora trabalhamos com área
plantada 10% menor e vamos colher menos”, afirma.

Geraldo Valim, do
Sindicato dos Produtores Rurais de Uberaba, lembra a redução dos custos, com o
dólar desvalorizado, mas ainda assim não tem dúvidas de que ampliação das áreas
agrícolas vai depender da intensidade com que o setor conseguir recuperar a
rentabilidade do agronegócio. Reflexo do resultado ruim da agropecuária, Marra
diz que terras férteis passaram a ser comercializadas por R$ 6 mil o hectare, em
lugar dos R$ 10 mil antes da valorização do real em comparação à moeda
norte-americana. As fazendas de café destoaram desse movimento por causa da
melhora dos preços: a saca de 60 quilos está na faixa de US$ 110, quando há dois
anos era vendida a US$ 75.

Para quem tem recursos disponíveis para
ampliar ou comprar imóveis rurais, o panorama acabou se tornando favorável,
diante da redução dos preços da terra no campo, de prazos mais longos de
pagamento e descontos oferecidos no pagamento à vista. A boa performance das
áreas usadas para a produção de cana-de-açúcar e o reflorestamento não deverá
influenciar o mercado em geral, observa Lopes. Elas representam pequena porção
de terra (5 a 6 milhões de hectares no país), em relação às extensas plantações
de soja, de 20 milhões de hectares, e de milho, em 11 milhões de
hectares.

De outro lado, a estatística apurada para os últimos três anos
ainda aponta aumento de valor da terra entre o começo de 2003 e dezembro de
2005. Nessa base de comparação, áreas de Sergipe foram as que mais se
valorizaram, com uma alta de 110%. Em Minas, houve ganho de 71%, superior ao
observado em Santa Catarina (68%), mas inferior a Roraima e Acre, ambos com 90%
de valorização nos últimos 36 meses.

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