O agronegócio café evoluiu significativamente nos últimos anos nos aspectos estruturais, tecnológicos, mercadológicos e com grandes avanços na qualidade da bebida e na produtividade, traduzindo a sinergia existente entre os elos da cadeia, sempre visando assegurar a satisfação do cliente final, nosso eterno desafio. Daí a importância do equilíbrio entre a qualidade, a disponibilidade, a consistência, e o valor percebido e conquistado.
Reconhecidamente as empresas comercializadoras, participantes desse mercado, contribuíram, contribuem e poderão contribuir para com o sucesso da cadeia café; com seus modelos de gestão, novas modalidades de negociação, troca de produtos, venda futura, premiando a qualidade e incentivando a produzirmos cada vez mais com respeito às questões sociais e ambientais, através dos inúmeros programas de incentivo às boas praticas agrícolas.
Contudo, algumas vezes são veiculadas na mídia, depoimentos de comerciantes sobre previsões de safras de café, que podem ocasionar sérios problemas, gerando inúmeras dúvidas.
Como essas declarações nem sempre, vêm acompanhadas pelas metodologias utilizadas, permitindo ao leitor uma análise transparente da construção dos dados, estas resultam numa margem muito grande de interpretações das mais variadas e inimagináveis.
Independente de ser uma previsão próxima da realidade ou não, o fato é que precisamos ter conhecimento de como foi feito o levantamento na sua íntegra. Como por exemplo: Qual período do levantamento? Foi logo após da florada? Quanto é de café Arábica? Quanto é de café Conilon? As previsões anteriores se confirmaram? Em quais regiões do Brasil foi feita a pesquisa? Quantas propriedades foram visitadas? Essas possuem histórico de participação na pesquisa? Qual o Tamanho da área? São lavouras irrigadas ou não? Dentre outros.
Essas respostas são importantes para que possamos minimizar o “achismo” nos nossos planejamentos (previsto e realizado), pois a safra que se encerra em 2015 recebeu inúmeras previsões e a sua maioria ficou aquém do previsto pelas empresas.
Olhando para o futuro, vamos cuidar dos nossos cafeicultores disponibilizando a eles informações mais detalhadas das previsões e se possível registrando-as em cartório, permitindo as revisões se necessário, para que eles possam tomar decisões de venda ou não, minimizando seus riscos.
As incertezas climáticas estão trazendo à cafeicultura nacional um novo componente que é o aumento da temperatura, percebida inclusive nas últimas estações (inverno e primavera). Aqui pairam outras dúvidas e inseguranças: o que isso poderá afetar a safra de 2016? Vamos ter outro veranico em janeiro e fevereiro? O fenômeno meteorológico El Niño existe? Seremos lembrados na Conferência do Clima (COP 21), no mês de Dezembro, em Paris?
Infelizmente não temos pesquisas que possam nos assegurar se teremos danos ou não. Por mais eficaz que seja nossa gestão nas lavouras, não temos como saber se a nossa produção será prejudicada.
O que podemos afirmar é que os nossos irmãos capixabas cafeicultores produtores de Conilon e Arábica, estão tendo sérios problemas com a seca, em seu estado o Espírito Santo.
E a outras regiões como estão?
Enfim, o objetivo aqui não é discordar dos números, mas sim da forma como vem sendo apresentado às previsões de safras de café.
Estimativas de safra ou de estoques, sem a disponibilidade para o conhecimento de todos da metodologia utilizada, com embasamentos técnicos, colocam em risco toda uma cadeia do agronegócio, podendo ainda prejudicar, o elo fundamental que é o produtor.
Tomemos uma ATITUDE! Pensemos nisso!
Francisco Sérgio de Assis
Presidente da Federação dos Cafeicultores do Cerrado
Região do Cerrado Mineiro – Denominação de Origem