Recuperar tempo perdido será difícil, afirma indústria

4 de agosto de 2008 | Sem comentários Cafeteria Consumo
Por: Folha de São Paulo

DINHEIRO
03/08/2008
 
Recuperar tempo perdido será difícil, afirma indústria
 
 
DA REDAÇÃO
O atraso do país na busca pelo valor agregado nas exportações pode custar caro e vai exigir muito esforço das indústrias para se firmarem nesse mercado. É o caso do café, o produto mais tradicional da balança de exportações do país.


O Brasil vai conseguir, neste ano, aumentar em 900% as exportações de café torrado e moído em relação a 2002, quando iniciou essas operações. Mas essas exportações representarão receitas de apenas US$ 40 milhões, valor bem abaixo dos US$ 3,6 bilhões do café em grão.


O país começou agora com essas exportações e disputa um mercado que está ocupado por grandes empresas internacionais, diz Nathan Herszkowicz, do Sindicafé (Sindicato da Indústria de Café do Estado de São Paulo).


Para César Borges, da Caramuru, “agregar valor tem de ser uma questão de posição”. E o governo brasileiro tem de mudar essa escalada tarifária.


E é a tributação que inibe as exportações de produtos derivados de soja. Uma política tributária inadequada e não isonômica com a Argentina faz com que o Brasil não aproveite as oportunidades de agregar valor à produção nacional e às exportações, segundo Fábio Trigueirinho, da Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais).


“Não defendemos a tributação das exportações; ao contrário, propomos a total desoneração das exportações da agroindústria, com eliminação do ônus do ICMS interestadual e da contribuição social rural em isonomia à exportação da matéria-prima”, diz Trigueirinho.


Outro setor importante para a balança comercial e vítima dos custos dessas tarifas é o de produtos florestais. As exportações de móveis já ultrapassam US$ 1 bilhão por ano e estão ganhando novos mercados, principalmente na África e no Oriente Médio, segundo Carlos Bacha, pesquisador do Cepea.


Essas exportações poderiam ser maiores. Mas, devido à tributação interna, as indústrias brasileiras não conseguem competir com as chinesas em alguns segmentos, principalmente no “faça você mesmo”.


As indústrias chinesas compram a madeira no Brasil, sem tributos, industrializam o produto e o revendem, também sem tributos, para mercados importantes como os EUA.


Já as indústrias brasileiras compram a matéria-prima com ICMS, pagam IPI e têm custos maiores. Com isso, perdem competitividade.


Presença crescente
As carnes marcam presença cada vez maior na balança comercial do agronegócio. Grande exportador em volumes, o Brasil
ainda engatinha na agregação de valor ao produto.


“É pouco ainda [a agregação], mas mostra grande potencial.” É o que diz André Skirmunt, diretor comercial do Independência S.A. Essa agregação começa com a colocação de porções e cortes especiais nas gôndolas dos supermercados importadores, segundo Skirmunt.


A industrialização, como pratos prontos e o pré-preparo da carne que será utilizada pela indústria final, também é uma opção de agregação de valor, diz o diretor do Independência. Esse é um caminho que as indústrias brasileiras vêm seguindo, diz ele. (MZ)

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