Recordações de Guaxupé
Levei minhas urbanóides para passear em Guaxupé. Primeiro, a um hotel fazenda que tem sagüis e cavalos. Os sagüis só aparecem na hora do almoço.
No caminho, ambas se mostraram muito politizadas e envolvidas com temas municipais. Insistiram para que me candidatasse a prefeito de São Paulo, com a incumbência precípua de construir um hotel-fazenda na cidade.
Depois, o passeio por Guaxupé. É terra de muita história. Passamos pelo seminário onde estudou o seminarista Roberto Campos. Conversamos sobre dois personagens referenciais da cidade, o Dr. Isaac que durante 50 anos transformou a Cooxupé em exemplo nacional. Um visionário extraordinário, que morreu há pouco tempo. Foi grande fonte nas campanhas que fiz contra políticas de retenção de café.
O segundo personagem é seu Olavo Barbosa, fazendeiro e criador igualmente visionário. Revolucionou o plantio do café, o desenvolvimento de embriões de gados. Está com mais de 80 anos.
Muitos e muitos anos atrás almocei em sua fazenda. Na frente, um ponto de bonde. Nos arquivos, matéria dos anos 40 do jornal “O Globo”: “Mineiro compra bonde, mas leva”.
Na cidade, todas as características das cidades de interior da minha infância, com algumas adaptações. Não tem mais o “carro de som”, que rodava a cidade com propaganda do comércio. Agora, é uma infinidade de “motos de som”.
Dodó, que tem por hábito interromper qualquer frase e gritar “fusca”, quando vê um, literalmente não consegue conversar: é um fusca atrás do outro.
Encontramos um cavaleiro de chapéu de vaqueiro. A Bibi diz: “É um cow-boy, papai”. E me dou conta de que preciso vir mais para o interior.
Daqui a algumas horas, começa a movimentação em torno do grande gênio desconhecido, o saxofonista Casé. E vou aproveitar para achar o telefone do Luiz e do Zé Pereira e do Élcio, primos que não vejo há muitos e muitos anos.