Receita das exportações paranaenses cai pelo segundo ano consecutivo

Os dados de desempenho da balança comercial paranaense indicam uma redução progressiva, em reais, da receita das exportações do Estado nos últimos anos. Na comparação entre 2004 e 2006, o faturamento das vendas para o mercado externo, em moeda nacional, caiu 21%. No ano passado, houve queda tanto em dólares quanto em reais.

A receita total das exportações em 2006 alcançou US$ 10 bilhões, representando uma ligeira redução de -0,21% sobre o ano anterior. Já em reais, a queda foi bem mais acentuada, resultando num desempenho de -10,4%, passando de R$ 24,27 bilhões para R$ 21,73 bilhões. Os dados são do Ministério do Desenvolvimento Econômico e Comércio Exterior e foram analisados pelo Centro Internacional de Negócios e pelo Departamento Econômico da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep).

“O último ano de expansão das receitas das exportações foi 2004, quando foi verificado crescimento de 31,3% em dólares e 27,2% em reais”, lembra o presidente da Federação, Rodrigo da Rocha Loures. Segundo ele, a queda é reflexo tanto da redução dos preços internacionais de algumas commodities exportadas pelo Brasil como da política cambial do governo federal. O dólar médio de 2006 ficou 25,9% abaixo do valor registrado em 2004.

Em contraste com as vendas externas, as importações do Estado vêm crescendo nos últimos anos. “O câmbio tem sido um dos principais impulsionadores do aumento das importações nos últimos anos, principalmente de bens de capital e de bens de consumo”, destaca Rocha Loures. O aumento das compras internacionais influenciou no saldo da balança comercial paranaense que, no ano passado, ficou em US$ 4 bilhões, contra US$ 5,4 bilhões em 2005.

Tendência – Segundo a avaliação da Fiep, a tendência de queda das exportações decorreu principalmente do desempenho dos produtos básicos, devido a motivos de ordem climática (a seca dos últimos três anos tem influenciado a produção agrícola) e fitossanitária.  Houve, no entanto, a partir do segundo semestre de 2006, uma sinalização de reversão deste quadro.

Já os produtos semimanufaturados e os manufaturados apresentaram expansão em dólares em 2006. Tendência que também vem sendo sentida desde 2005. “O incremento de exportações de semimanufaturados e manufaturados vem ocupando o espaço que era dos produtos básicos e semielaborados”, explica Rodrigo da Rocha Loures. A participação relativa desses últimos entre as exportações paranaenses passou de 41,60% em 2004 para 31,19% em 2006. O maior crescimento foi dos produtos manufaturados, que representavam 45,64% das exportações do Estado em 2004 e no ano passado responderam por 59,31%.

De acordo com a análise do Departamento Econômico da Fiep, a mudança na participação se deve ao fato de os produtos básicos e semielaborados serem altamente sensíveis a modificações de preços relativos internacionais, motivadas por fatores conjunturais ou episódicos.  No período mais recente, por exemplo, algumas commodities exportadas pelo Paraná tiveram declínio de preços no mercado internacional (açúcar), não compensado por ganhos de preço de outras (álcool,  café, sucos).

 IMPORTAÇÕES DO PARANÁ CRESCERAM 32% EM 2006

As importações paranaenses, que já haviam crescido 12,45% em 2005, tiveram aumento de 32,04% em 2006. Em 2005, a expansão foi puxada pelas importações de  bens de capital (máquinas e equipamentos), que aumentaram 17,07%, e em 2006 pelas importações de combustíveis e lubrificantes (135,68%) e bens de consumo (90,02%).

O incremento das compras de combustíveis e lubrificantes  se deve sobretudo a razões estratégicas de produção de derivados de petróleo de elevado valor, para os quais é necessário um tipo de petróleo não extraído em território nacional. A unidade paranaense de processamento desse insumo básico é a que dispõe de aparato tecnológico para realizar a conversão de matéria-prima em bens intermediários e finais de maior valor agregado, que são distribuídos para outros estados do país e também exportados.

O aumento das importações paranaenses de bens de consumo, em 2006, se concentrou em automóveis (913,30% sobre 2005), que passou a ser o segundo item mais significativo da pauta, com um valor de US$ 322 milhões, perdendo apenas para a importação de petróleo (US$ 1,3 bilhão). As importações de veículos subiram de 2.337 unidades para 26.888 entre 2005 e 2006, sendo que quase dois terços vieram da Argentina. As importações de veículos mexicanos também aumentaram significativamente, passando de 579 unidades (US$ 5,5 milhões) para 7.027 unidades (US$ 82,5 milhões), em decorrência de acordos comerciais firmados pelo Brasil com aquele país.

Os bens intermediários, que representam quase a metade  do total importado, tiveram suas compras ampliadas em 3,7% (2005 contra 2004) e em 10,87% na comparação entre 2006 e o ano anterior. Dentro deste grupo de produtos, as importações de  insumos industriais apresentaram o maior aumento, passando de US$ 1,396 bilhão em 2005 para US$ 1,745 bilhão em 2006.

 ESTADO DIVERSIFICA PAUTA DE EXPORTAÇÕES

O estudo elaborado pelo CIN e pelo Departamento Econômico também aponta a diversificação de produtos exportados pelo Paraná. Os quatro principais grupos – material de transporte, complexo soja, madeiras e carnes – perderam participação relativa nas vendas externas. Em 2005, eles representaram mais de 70% do valor e do peso exportado e passaram a responder por menos de 60% em 2006.

Os grupos de produtos que ganharam significância na pauta de exportação paranaense foram açúcares, cereais, preparações alimentícias diversas e bebidas. No total, a participação relativa deles no valor das exportações subiu de 6,71% em 2005 para 14,28% em 2006.

Principais países de destino (exportação)

País                                             US$ (milhões)                     Participação (%)
EUA                                            1.195                                     11,95
Argentina                                     938,2                                     9,38
Alemanha                                    874,9                                     8,75
Países Baixos (Holanda)               548,4                                     5,48
China                                          450,8                                     4,51

Principais países de origem (importação)

País                                             US$ (milhões)                     Participação (%)
Nigéria                                         1.109                                     18,56
Argentina                                      644,4                                     10,78
Alemanha                                     575,2                                     9,62
Estados Unidos                            523,2                                     8,75
França                                         374,7                                     6,27

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