Resultado de US$ 2,91 bi em 2005 é o maior em oito anos, impulsionado pelo aumento de preço no mercado externo
O Brasil teve em 2005 um dos melhores anos para as exportações de café. A receita com as vendas externas do produto (verde e solúvel) atingiu US$ 2,91 bilhões, um aumento de 43,8% na comparação com 2004.
Segundo os dados divulgados pelo Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil) e pela Abics (Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel), o resultado de 2005 é o maior desde 1997 -quando a receita foi de US$ 3,09 bilhões- e o segundo maior em 25 anos.
O principal motivo para esse aumento é a recuperação dos preços no mercado externo. Em Nova York, a cotação do café está hoje cerca de 25% acima do preço praticado há um ano.
Já o volume das exportações caiu 1,3% em 2005, devido à menor safra colhida pelos produtores brasileiros. Foram exportados 26,1 milhões de sacas.
A Alemanha se mantém como o principal destino das exportações brasileiras, com 4,5 milhões de sacas, seguida pelos EUA, com 4,1 milhões. A Itália ocupa o terceiro lugar, com 2,6 milhões de sacas.
Apesar da queda do volume vendido ao exterior, a participação do Brasil nas importações mundiais cresceu de 29,1% em 2004 para 30% em 2005. O Brasil é líder mundial na produção e na exportação de café.
Cenário para 2006
As estimativas do setor para este ano estão otimistas. O diretor-geral do Cecafé, Guilherme Braga, projeta aumento de cerca de 4% no volume exportado, para 27,1 milhões de sacas, e de 9% na receita, para US$ 3,18 bilhões.
“Neste ano, a tendência é o preço ser mais consistente do que foi em 2005”, disse Braga.
Os estoques baixos preocupam e devem sustentar os preços em níveis altos. Para Lúcio de Araújo Dias, da cooperativa Cooxupé, “os estoques realmente estão baixos, e em abril devemos viver os menores níveis da história”.
Café solúvel na OMC
O volume das exportações de café solúvel foi recorde no ano passado. O Brasil vendeu 81,7 mil toneladas, um crescimento de 11% sobre 2004. Já a receita somou US$ 386,6 milhões, com aumento de 34%.
Porém a repetição do bom desempenho desse segmento neste ano pode estar ameaçada. Desde o dia 1º, as importações de café solúvel brasileiro pela União Européia estão sendo taxadas em 9%, enquanto o produto da Colômbia, de países da América Central, da África, entre outros, chega com tarifa zero.
Segundo o diretor-executivo da Abics, Mauro Malta, com essa medida, o Brasil irá perder o mercado europeu, sem ter condições de competir com os outros países.
Malta informou que a associação vai pedir ao governo brasileiro que entre com uma ação na OMC (Organização Mundial do Comércio) contra a União Européia. A escolha do escritório de advogados que deve preparar o estudo deve ser anunciada na próxima semana, disse ele.
Em 2005, 17,2% das exportações brasileiras de café solúvel foram para a União Européia.