Reajustes de preços do café torrado chega ao varejo

O forte aumento do preço do café no mercado internacional deve chegar ao bolso dos consumidores este mês. Após a alta do produto de 11,7% em dólar no início do ano, as fábricas de torrefação no país anunciaram ontem que estão reajustando os preços ao vare

12 de janeiro de 2006 | Sem comentários Consumo Torrefação
Por: O Globo por Vagner Ricardo

Indústria sobe preço do café em 15% e varejo repassará para consumidor

O forte aumento do preço do café no mercado internacional deve chegar ao bolso dos consumidores este mês. Após a alta do produto de 11,7% em dólar no início do ano, as fábricas de torrefação no país anunciaram ontem que estão reajustando os preços ao varejo em pelo menos 15%. De acordo com o superintendente do Sindicato dos Hotéis, Bares e Restaurantes do Rio (SindRio), Darcílio Junqueira, o preço do cafezinho na cidade — hoje variando entre R$ 0,70 e R$ 0,80 — deve subir R$ 0,10. Ou seja, o aumento será de 12,5% a 14,28%.

Os supermercados, porém, consideram a correção elevada. Eles dizem que estão dispostos a escalonar o aumento para os consumidores.

— A idéia é tentar discutir o aumento com a indústria, avaliar o estoque remanescente e estabelecer preços médios para não repassar tudo ao consumidor. Mas alguma coisa chegará ao consumidor final — disse Sérgio Leite, gerente de Compras da rede Mundial.

A Sendas Distribuidora (redes Extra, Pão de Açúcar, Sendas e ABCCompreBem) informou que já recebeu novas tabelas com reajustes de preços. Ressalta, porém, que está avaliando as planilhas e acompanhando os passos da concorrência “antes de realizar qualquer repasse aos seus consumidores”.

Aumento da saca do produto chega a 28% desde setembro

As torrefadoras dizem que passaram a pagar no mínimo R$ 215 pela saca de 60 quilos de café arábica este ano, o que representa uma alta de 27% desde setembro. Na variedade conillon, outro tipo de café misturado com o arábica, o preço subiu quase 28,6%, segundo o diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Torrefação e Moagem de Café (Abic), Natan Herszkowicz.

— As indústrias estavam absorvendo custos maiores desde o fim do ano passado, mas a aceleração de preços ocorrida na semana passada tornou a correção inadiável. Nos primeiros dias do ano, o café teve uma alta de 11,7% em dólar no mercado mundial, movimento acompanhado pelo produtores brasileiros — disse ele.

O presidente da Associação dos Cafeicultores do Estado do Rio de Janeiro (Ascarj), Efigênio Salles, afirmou que o preço do produtor ainda pode subir 10% nos próximos 30 dias e baixar apenas na proximidade do início da colheita da nova safra, a partir de maio. O consenso dos produtores é que, apesar da safra maior este ano no país — de 42 milhões de sacas de 60 quilos, ante os 32,9 milhões em 2005 — os estoques internacionais baixos e o maior consumo mundial favorecem preços elevados nos dois próximos anos.

No Rio, o venezuelano Luis Hernandez Gusman gasta de R$ 6 a R$ 7 por dia com cafezinhos. Apesar do aumento, ele não vai mudar de hábito:

— Tomo café há 40 anos. É difícil tirá-lo da minha vida.

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