Depois de um forte crescimento em 2008, garantido pela combinação entre aumentos de volume e preços no primeiro semestre, a renda agrícola (“da porteira para dentro”) das 20 principais lavouras do país não escapará da desaceleração econômica global decorrente da crise financeira irradiada dos Estados Unidos e deverá recuar significativamente em 2009.
É o que mostra levantamento divulgado ontem pelo próprio Ministério da Agricultura. Para este ano, a receita conjunta deverá alcançar R$ 164,6 bilhões, 15,9% mais que em 2007 e um novo recorde histórico, superior à marca de 2003 (R$ 149,2 bilhões), mas para 2009 é esperada queda de 6,9%, para R$ 153,3 bilhões.
Preparada por José Garcia Gasques, coordenador de planejamento estratégico do ministério, a projeção leva em consideração a queda da produção nesta safra 2008/09, confirmada na segunda-feira pela Conab, e o patamar mais baixo de preços das commodities agrícolas em geral.
Para a soja, Gasques confirma um crescimento de renda de 31,5% em 2008, para R$ 44,4 bilhões, mas uma retração de 5,7% no ano que vem, para R$ 41,9 bilhões. Para o milho, que neste ano aparece com crescimento de receita de 24,6%, a estimativa é de recuo 21,1% em 2009, para R$ 19,6 bilhões.
Se confirmadas as variações, a cana-de-açúcar deverá recuperar a segunda colocação no ranking da renda agrícola em 2009. Para o produto, o ministério estima receita de R$ 21,4 bilhões em 2008, 8,4% menos que no ano passado, e nova retração, mas menor (2,1%), no ano que vem, para R$ 20,9 bilhões.