27/07/07
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) iniciará em outubro um projeto inédito com o uso de radares para aprimorar o sistema de previsões de safras e dar agilidade ao governo na execução de políticas agrícolas.
O pesquisador Edson Eijy Sano, da Embrapa Cerrados, diz que a área plantada será calculada a partir de informações geradas pelo radar do satélite japonês ALÔS/PALSAR, associadas aos dados produzidos pelo radar embarcado na aeronave R-99, da Força Aérea Brasileira (FAB), utilizada pelo Sistema de Proteção Ambiental da Amazônia (Sipam).
O levantamento de safra com o uso da nova tecnologia será realizado pela primeira vez numa área de 1,2 milhão de hectares nos municípios de Barreiras e Luis Eduardo Magalhães, na Bahia, cujo plantio da safra começa em outubro. ´´Vamos acompanhar o crescimento dessa safra (algodão, soja e milho) até a colheita, combinando o radar do satélite com o do avião, para dar a qualidade necessária aos dados´´, explica Sano. A pesquisa termina em dezembro de 2008.
A Embrapa espera que entre cinco e dez anos o Brasil esteja utilizando radares em larga escala para acompanhar a atividade agrícola. Segundo o pesquisador, o uso ganha força com a necessidade de avaliar o impacto do aquecimento global nas lavouras.
Hoje, as previsões de safra são feitas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O IBGE elabora sua estimativa de safra com base em reuniões com produtores, indústrias, bancos, cooperativas revendas de insumos, etc. Já a Conab conjuga as informações colhidas nestas reuniões com os dados de campo das visitas a fazendas escolhidas por meio de amostragem, além usar as imagens de satélites, como o LandSat e o Spot, e dados gerados pela Embrapa por meio do sistema Agritempo.
´´O problema em usar imagens de satélite é que a fase de plantio é justamente na época de chuvas. E as nuvens prejudicam a visualização do solo. Mas o radar consegue ultrapassar as nuvens´´, explica Sano. Airton Camargo Pacheco, superintendente de informações do agronegócio da Conab, concorda com Sano. O uso dos radares contribuirá para melhorar as previsões, afirma Pacheco.
Segundo ele, recorrendo a novas tecnologias, a Conab conseguiu reduzir de 7% para 5% a margem de erro de suas estimativas. Sano explica que a margem de erro usando radares será de 10%, mas poderá ser reduzida à medida que os filtros de análise de dados forem aprimorados. ´´E a integração de cada informação, seja aquela gerada por radar ou imagem de satélite, contribuirá para reduzir ainda mais a margem de erro. Uma não inibe o outra´´, explica Sano.